PUBLICIDADE

Personalidades brasileiras revelam como fariam a cerimônia de abertura do Rio 2016

Elas descreveram como pretendem superar o evento organizado em Londres pelo diretor de cinema Danny Boyle.

Por Luís Guilherme Barrucho
Atualização:

Em meio à passagem de bastão de Londres para o Rio de Janeiro, cidade-sede das próximas Olimpíadas, cresce a expectativa do público brasileiro e internacional sobre como será a cerimônia de abertura dos Jogos de 2016. No Rio, a festa ficará a cargo do cenógrafo português Abel Gomes, radicado há décadas no país. Em Londres, a abertura foi dirigida pelo tarimbado cineasta britânico Danny Boyle, vencedor do Oscar de Melhor Diretor em 2009 por Quem quer ser um milionário?, e recebeu elogios proporcionais ao tamanho do público que assistiu ao evento pela televisão, estimado em 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo. Boyle utilizou referências de suas produções passadas para fazer uma viagem no tempo, pontuando a história da Inglaterra com personagens de época e grandes inventores do país. Entre os pontos altos da festa destacados pela imprensa mundial, um dublê da Rainha Elizabeth 2ª pulou de pára-quedas de um helicóptero que sobrevoava o Estádio Olímpico, após uma cena em que a própria monarca contracenava com Daniel Craig, intérprete do lendário herói James Bond. Com vistas à cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, a BBC Brasil convidou personalidades brasileiras para responder à seguinte questão: Se você fosse responsável pelo evento, o que você faria e como organizaria essa festa?. Confira os depoimentos. Fernando Meirelles "O que o Brasil tem de mais particular em relação ao resto do mundo é a maior floresta do planeta, os maiores aquíferos e nossa biodiversidade, também campeã. Faria da preservação deste patrimônio o tema central da festa da abertura. Do que nós temos é o que mais interessa ao resto do mundo". Fernando Meirelles é cineasta, produtor e roteirista. Foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor em 2004 pelo filme Cidade de Deus. Hans Donner "Acredito que a cerimônia de abertura no Rio deveria tomar como referência a festa de Parintins pela dimensão do evento. O que os índios fazem no meio da Floresta Amazônica é incrível e não tem comparação com qualquer outra festa no mundo. Nunca vi nada igual na vida. Embora eu esteja acostumado a fazer abertura para televisão, o que é muito diferente, acho que devemos valorizar o que o Brasil tem de mais espetacular. Temos de recorrer a tecnologias de grande escala; tem de ser algo gigantesco. Em resumo: temos de passar ao público a genialidade dos ritmos musicais brasileiros, começando na África até os dias de hoje. Seria como contar uma história da música brasileira sob o prisma histórico. Porque, ao fim e ao cabo, é por isso que o Brasil é reconhecido mundialmente. Pela sua música". Hans Donner é designer e responsável por inúmeras vinhetas e peças de abertura dos programas da Rede Globo de Televisão, incluindo a criação do logotipo da emissora. Gerald Thomas "Achei um fracasso a cerimônia de abertura em Londres. Por quê? Porque tentar sintetizar ou reduzir ou sumarizar toda uma cultura (desde os tempos feudais / rurais até a Revolução Industrial até os tempos de hoje), num espaço basicamente esportivo (...) vira propaganda xenofóbica super patriótica em um mundo infestado por sectarismos e tribos umas matando as outras. Sem graça. A cerimônia em Pequim há quatro anos foi mais "stunning" porque esse é o espirito da coisa mesmo: arrepiar as pessoas!!! Se me dessem ampla verba pro evento e com liberdade total de criação, acho que tentaria montar um evento de abertura sobre o SOBREHUMANO ou a nossa vontade de superar nossos limites como humanos! Acho que eu faria algo em torno dos sonhos eternos que o ser humano tem em ser um voador, um super-herói, em descobrir outros planetas, em querer descobrir de onde veio e pra onde vai isso tudo". Gerald Thomas é diretor de teatro, além de criador e fundador da Companhia Ópera Seca. Rosa Maria Araújo "A abertura deveria mostrar a identidade cultural do Rio e sua originalidade. Os gênereos musicais aqui criados: o samba, o choro, o maxixe, a marchinha, a bossa nova e o funk. O espetáculo deve ter muito colorido, grandes orquestras, bons dançarinos. Crianças, jovens e velhos devem integrar nossa apresentação. O encerramento, como não poderia deixar de ser, seria um desfile de Escolas de Samba do carnaval carioca com alas, fantasias e baterias". Rosa Maria Araújo é historiadora, presidente do Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro, além de autora de musicais, como Sassaricando, com o escritor Sérgio Cabral. Maneco Quinderé "A abertura deveria mostrar o Brasil moderno - e não só aquela velha história do café, da mulata, do carnaval, ou seja, os estereótipos. Nesse sentido, acredito que a cerimônia tem de incluir um passeio por cada região brasileira, revelando as diversas manifestações de cultura popular presentes em cada canto do país. O festival de Parintins é um bom exemplo disso. Claro que não podemos deixar de fora as riquezas naturais de nosso país. Mas acrescentaria na apresentação referências modernas, como Oscar Niemeyer e Burle Marx. Seria interessante mostrar tanto as tradições como também o que queremos para o amanhã. O Brasil, hoje, é um país mais rico e moderno. Isso tem de ser mostrado, até mesmo para acabar com essa visão estereotipada de alguns estrangeiros de que ainda vivemos numa grande floresta, desviando de cobras e macacos. Maneco Quinderé é iluminador, com atuações nos principais espetáculos teatrais, shows, óperas, desfiles e balés do Brasil. Ivete Sangalo "Me preocuparia em, especialmente, fazer o esporte do meu país ter resultados importantes antes da competição, estimulando, patrocinando e viabilizando a vida dos atletas. Quanto à festa, faria uma linda história sobre o esporte ligada à força do povo brasileiro!" Ivete Sangalo é cantora BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.