Pesquisa ajuda a explicar ligação entre idade e Alzheimer

Duas proteínas eliminam o excesso de beta-amilóide do cérebro, mas tornam-se menos eficientes com o envelhecimento

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Por Agencia Estado
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Cientistas descobriram "faxineiros moleculares" que limpam a substância responsabilizada pelo Mal de Alzheimer - até que ficam velhos e param de varrer. A descoberta ajuda a explicar por que o Alzheimer é uma doença do envelhecimento e, mais importante, sugere uma nova arma contra o mal: drogas para reanimar a equipe de faxina da natureza. "É um novo jeito de pensar" a doença, diz o médico Andrew Dillin, que chefiou a pesquisa. A descoberta, publicada na edição desta quinta-feira da revista Science, foi feita num pequeno verme chamado C. elegans. Esses vermes são comumente usados em pesquisas genéticas relacionadas ao envelhecimento, e a nova pesquisa envolve vários genes que também existem em seres humanos. A causa exata do Alzheimer é desconhecida, mas o principal suspeito é uma proteína chamada beta-amilóide. Ela existe em todos os cérebros, mas células saudáveis conseguem eliminar os excessos. Nos pacientes de Alzheimer, o beta-amilóide se acumula tanto dentro das células como ao redor, formando as placas que são a marca registrada da doença. O estudo divulgado nesta quinta-feira mostra um dos metidos usados pelas células para eliminar o excesso da proteína, e que a idade naturalmente desativa esse processo de desintoxicação. Vermes não pegam Alzheimer. A equipe de Dillin usou espécimes que produzem beta-amilóide humano nos músculos. Conforme os vermes envelhecem, a proteína se acumula até paralisá-los. Os pesquisadores alteraram alguns genes que controlam a expectativa de vida dos vermes e, fazendo o C. elegans viver mais, a acumulação da proteína não aconteceu. Portanto, ao desacelerar o envelhecimento do verme, os cientistas o protegeram da paralisia. Como? Entram em cena duas proteínas ligadas aos genes alterados, as faxineiras celulares. Uma, chamada HSF-1, quebra o amilóide e o elimina. O envelhecimento desacelera a atividade da HF-1, impedindo-a de manter o ritmo necessário de desintoxicação. Outra proteína, a DAF-16, atua acumulando o amilóide numa configuração menos danosa.

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