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Pesquisadores estudam rota migratória das baleias jubarte

Caminho percorrido entre a costa brasileira e a Antártica é monitorado por satélite, através de transmissores instalados na nadadeira dorsal das baleias. Dados subsidiarão ações de conservação da espécie.

Por Agencia Estado
Atualização:

Há um mês, 4 pesquisadores avaliam diariamente as breves transmissões de sinais de pequenos microchips, implantados nas nadadeiras dorsais de 11 baleias jubarte (Megaptera novaeangliae). Os transmissores só funcionam quando as baleias sobem à superfície do mar para respirar, sendo captados por satélites do sistema francês Argos e retransmitidos, via Internet, ao Brasil. As jubartes agora estão encerrando a temporada de reprodução na costa brasileira ? entre a Bahia e o Espírito Santo ? e dirigem-se para a Antártica, onde costumam se alimentar. O trajeto percorrido nesta rota migratória é o que os pesquisadores querem identificar, no Projeto Monitoramento de Baleias por Satélite, iniciado em 2001, através do programa Expedição Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), com patrocínio da Shell Brasil. Diversos ajustes na forma de implantar os transmissores e fazer o acompanhamento das baleias foram necessários, nestes últimos 2 anos, para finalmente obter dados úteis. No ano passado, apenas uma baleia marcada transmitiu sinais, somente durante um mês. Depois disso, o transmissor pode ter caído ou deixado de funcionar. ?Ainda não é suficiente para saber se a rota por ela adotada é usual. Só notamos que saiu da Barra do Riacho (ES), onde colocamos o transmissor, na direção sudeste, para mar aberto, e não costeando, conforme esperávamos?, conta Ygor Geyer, um dos coordenadores do projeto. Este ano, ele já comemora um mês de transmissões de pelo menos 5 baleias marcadas. E acredita que os 11 transmissores estejam funcionando. ?De uma forma bem preliminar, pudemos notar que as mães com filhotes ainda permanecem no Banco de Abrolhos, talvez esperando os filhotes crescerem um pouco mais antes de ir para águas geladas. Também captamos sinais de alguns indivíduos em deslocamento rápido para o sul, pela costa, e um outro, que saiu para sudeste, como a baleia do ano passado, encontrando-se atualmente a cerca de 30 milhas náuticas (54km) do litoral?, continua. O traçado da rota migratória das jubartes permitirá conhecer melhor seu comportamento, hábitos, locais de concentração e interação com outras espécies, subsidiando ações de conservação. Enrico Marone/DivulgaçãoMicrochips pesam apenas 300 gramas e mal são sentidos pelas baleias. As estimativas apontam para uma população de jubartes em torno de 15 mil indíviduos, um quinto do original. Por isso, a espécie é classificada como vulnerável na lista internacional de fauna ameaçada de extinção. A facilidade com que os caçadores se aproximavam dessas baleias, no passado, foi determinante para o rápido declínio de sua população. Mas é também a razão pela qual a espécie foi escolhida para testar a tecnologia de telemetria como ferramenta desta pesquisa. Na implantação dos transmissores utilizam-se varas de 8 metros de comprimento, semelhantes a arpões, com a diferença de não causarem dano (os microchips pesam apenas 300 gramas e mal são percebidos pelas baleias). O pesquisador fica a cerca de 3 metros do dorso do animal e, ao mesmo tempo em que faz o implante, colhe material para análises de DNA. ?Por enquanto vamos usar as amostras apenas para determinar o sexo de cada indivíduo, mas elas serão guardadas para análise posterior de parentesco e outras informações?, acrescenta Geyer. As rotas das baleias jubarte marcadas podem ser acompanhadas via Internet no site: www.projetobaleias.com.br

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