Petrobras venderá também no Brasil sua produção de etanol

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Por Denise Luna (Broadcast)
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Depois de descartar por anos a possibilidade de vender sua produção futura de etanol no mercado brasileiro --segmento dominado por fortes grupos usineiros--, a Petrobras admitiu nesta quarta-feira que vai comercializar sua produção no mercado interno, além de manter seu plano principal de exportação. Segundo o presidente da Petrobras Biocombustíveis, Alan Kardec, a estatal quer aproveitar a reestruturação do setor para comprar participações de até 40 por cento de usinas em operação ou perto disso, projetos chamados por ele de "yellow field", ou seja, que estão prestes a entrar em operação mas precisam de sócios. "Existe uma oportunidade empresarial muito forte e a nossa atuação tem sido vista com bons olhos. Por que só empresas internacionais podem (entrar no mercado brasileiro)?", explicou Kardec a jornalistas durante o detalhamento do plano de negócios da área de biocombustíveis para o período 2009-2013. Ele fez questão de deixar claro que o alvo da estatal será uma fatia de até 20 por cento de um volume adicional futuro na demanda --em vez de avançar sobre o volume atual--, o que evitaria conflito com os usineiros, que sempre deixaram claro que não gostariam da entrada da estatal no setor. "O mercado de etanol vai continuar crescendo, estamos discutindo captar esse percentual de crescimento. Não vamos brigar com ninguém nem estatizar o etanol", afirmou. Prevendo investir 945 milhões de reais este ano, de um plano de 2,4 bilhões de dólares de 2009 a 2013, Kardec informou que pelo menos quatro parcerias serão fechadas no primeiro semestre para a construção de novas usinas de etanol no Brasil, dentro do antigo esquema projetado pela estatal pelo qual a Petrobras é uma das três sócias do projeto com 20 por cento no máximo de participação. A primeira parceria foi acordada no ano passado com a usina Itarumã, em Goiás. Kardec quer anunciar ainda no primeiro semestre as aquisições que serão feitas para produzir e vender etanol no mercado interno, que terão no máximo 40 por cento do capital da companhia. A previsão é de que em 2013 1,9 bilhão de litros de etanol sejam exportados pelas usinas da Petrobras e 1,8 bilhão de litros dirigidos ao mercado interno. Mais 200 milhões de litros serão produzidos pela companhia na Colômbia. Kardec disse que além da reestruturação do setor abrir oportunidades para aquisições, outro fator que modificou a mudança de postura da empresa foi a consulta por parte de empresários em busca de parceria com a estatal. "Estamos analisando empresas que estão em dificuldade e empresas que não estão em dificuldade", afirmou sem querer dar detalhes. Sobre as novas usinas a serem construídas, Kardec explicou que a crise financeira global desacelerou alguns projetos no mundo e por isso a Petrobras postergou para 2015 a meta de exportar 4,7 bilhões de litros de etanol em 2012, como registrava o plano de negócios da companhia 2008-2012. "Nós não vamos desenvolver projetos que não tenham atores lá fora, queremos ter mercado garantido", disse, sem deixar claro como andam os planos da sua parceria com a japonesa Mitsui para produção de álcool no Brasil para venda no Japão, que ficaria com a maior parte da produção em 2012. Kardec disse ainda que o álcool produzido no Brasil poderá ser utilizado pela joint-venture da estatal no país asiático que começou na terça-feira a produzir gasolina com 3 por cento de etanol, mas que ainda não há nada definido. (Edição de Marcelo Teixeira)

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