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PF pode ser chamada para negociar com índios em MG

Por LEONARDO WERNER
Atualização:

A Polícia Federal (PF) poderá ser chamada para intervir na liberação de duas carretas e duas caminhonetes da mineradora MMX, retidas por cerca de 150 índios pataxós na Rodovia MG-232, próximo a Carmésia (208 quilômetros de Belo Horizonte). A PF aguarda um posicionamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) para saber se será necessário enviar policiais ao local com o objetivo de resolver o impasse. "Em tese, não é uma questão de competência da Polícia Federal. O fato ocorreu numa rodovia estadual e não envolve atos ilícitos cometidos contra índios. Pelo contrário, no caso, são eles os autores da infração. Esperamos o contato da Funai, que ainda não ocorreu", afirmou o delegado federal Rui Antônio da Silva. A questão envolve a construção de um pátio de estocagem de dutos da MMX na cidade, fato ocorrido há cinco meses. A obra é parte do projeto de um mineroduto ligando Conceição de Mato Dentro (MG) ao Porto de Conceição da Barra, no Rio. De acordo com a empresa, foram feitos contatos com prefeitura, Ministério Público (MP), comunidade local e índios a respeito do aumento do tráfego de caminhões transportando materiais da MMX na MG-232. A empresa previa um tráfego de oito a dez carretas por dia na região. Em abril, durante reunião com o Comitê de Gestão de Causas Indígenas, o cacique Mesaque, segundo a mineradora, informou que cobraria pedágio dos caminhoneiros da empresa. No fim do mesmo mês, Mesaque propôs não mais cobrar pedágio se a mineradora se comprometesse a realizar um plano de automação agrícola, envolvendo a doação de máquinas e equipamentos. Proposta A proposta foi rejeitada porque, segundo a MMX, é "incompatível com a política de atuação da empresa nas comunidades". A retaliação, então, tomou forma de bloqueio dos veículos da empresa, iniciado ontem. Segundo o administrador executivo regional de Minas e Espírito Santo da Funai, Waldemar Adilson Krenak, a preocupação dos índios é com a segurança. "Eles temem que as carretas possam atingir crianças, por exemplo, ou pessoas que andam por ali. Os índios também se sentiram desrespeitados porque a empresa nem respondeu sobre o projeto e começou a colocar caminhões na rodovia." A assessoria da MMX informou que os índios foram notificados da rejeição da proposta antes de o trânsito de caminhões começar. O transporte de dutos é feito por uma empresa terceirizada, que, segundo a mineradora, tomará as medidas judiciais cabíveis.

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