PF revela esquema que desviava recursos da Ulbra

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Por Elder Ogliari
Atualização:

A Polícia Federal e a Receita Federal descobriram operações ilegais que desviaram pelo menos R$ 63 milhões da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) para empresas fantasmas ou inexistentes. A descoberta ocorreu durante a operação denominada Kollector (Colecionador, em alemão), tornada pública hoje. Ao longo do dia, 127 policiais federais e 23 servidores da Receita Federal cumpriram 23 mandados de busca e apreensão em Canoas, Porto Alegre, Ivoti, Gramado, Tramandaí e Imbé, no Rio Grande do Sul. Foram recolhidos documentos, memórias de computadores, joias e R$ 120 mil em dinheiro. Apesar de autorizar as apreensões, a Justiça negou os sete pedidos de prisões preventivas ou temporárias feitos pela Polícia Federal.O esquema consistia na utilização de empresas de fachada, quase sempre da área de consultoria, que emitiam notas fiscais e recebiam valores por serviços que não eram efetivamente prestados à Ulbra. O esquema repassava o dinheiro a diversas pessoas, inclusive de dentro da universidade, que não tiveram seus nomes divulgados.Uma das operações que a Polícia Federal considerou "inexplicável" foi um "adiantamento" feito pela gestão passada da prefeitura de Canoas, num valor próximo a R$ 8 milhões, para a Ulbra. Os policiais apuraram que uma parte do total, próxima de R$ 5,7 milhões, foi retirada em diversas operações de "boca do caixa" pelos investigados na Kollector.O superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, afirmou que não há agentes públicos entre as 14 pessoas envolvidas no esquema, mas reiterou que o ex-reitor Ruben Becker "é o líder da quadrilha" e que "nada era feito sem ordem dele".A atual direção da Ulbra preferiu não comentar os desvios, ocorridos na gestão anterior. O advogado de Becker, Geraldo Moreira, negou que seu cliente tenha cometido irregularidades, qualificou a operação policial de "violenta e arbitrária" e anunciou que vai à Justiça Federal denunciar o que teria sido "abuso de poder" dos policiais. O superintendente da PF, Ildo Gasparetto, assegurou que os agentes cumpriram todos os mandados dentro da lei.

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