PUBLICIDADE

Plano de Dilma contra miséria custará R$20 bi ao ano

Por JEFERSON RIBEIRO
Atualização:

O ambicioso plano da presidente Dilma Rousseff para cumprir sua promessa de campanha de tirar 16,2 milhões de pessoas da miséria até 2014, lançando nesta quinta-feira, deve consumir cerca de 20 bilhões de reais ao ano. A maior parte dos recursos virá de programas na área social que já estão em execução, como o Bolsa Família, que custa ao Executivo cerca de 16 bilhões de reais por ano, segundo a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello. Para este ano, no entanto, a presidente enviou ao Congresso uma proposta para suplementar o Orçamento em 1,2 bilhão de reais que serão investidos nas ações do Brasil sem Miséria. "Não podemos nos esquecer da crise mais permanente, mais desafiadora e mais angustiante, que é termos a pobreza crônica instalada no nosso Brasil", disse Dilma durante discurso. O lançamento do plano também faz parte da agenda positiva do Palácio do Planalto para evitar que a delicada situação política do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, paralise o governo. Durante a cerimônia, Palocci --que é pressionado pela oposição a explicar sua evolução patrimonial na época em que era deputado federal e estava à frente da consultoria Projeto-- sentou-se ao lado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), com quem conversou diversas vezes. Ao final, Palocci evitou os jornalistas e disse rapidamente "que hoje (quinta) é dia de falar sobre o Brasil sem Miséria". A cerimônia contou com cerca de 800 convidados, entre ministros, governadores e prefeitos, além do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, com quem Dilma se reunira mais cedo. A meta de tirar 16 milhões de pessoas da miséria é reconhecidamente ousada, a ponto de o governo admitir que até 2014 ainda haverá um "percentual residual" que continuará em situação de extrema pobreza. A maior parte das ações do Brasil sem Miséria visa qualificar os atuais beneficiários do Bolsa Família para conseguirem um emprego formal e aumentarem sua renda. Por isso, muitas ações estão relacionadas com a ampliação do acesso aos serviços públicos e à qualificação de mão de obra. Nos centros urbanos, o governo usará programas de qualificação que já estão em andamento como o Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (Pronatec) para atender pelo menos 1,7 milhão de pessoas. O programa pretende ampliar o alcance do Bolsa Família. Até 2013, a ideia é incluir cerca de 800 mil famílias que hoje não recebem os benefícios. Também será ampliado de três para até cinco o número de dependentes de até 15 anos que poderá receber os repasses de 32 reais por filho. Com essa alteração, 1,3 milhão de crianças e adolescentes serão incluídos no Bolsa Família. Hoje mais de 15,7 milhões de pessoas nessa faixa etária estão inscritos e recebem benefícios. BOLSA VERDE O Brasil sem Miséria cria ainda uma bolsa de 300 reais que será distribuída trimestralmente às famílias que vivem em situação de extrema pobreza e que ajudarem a preservar florestas e reservas extrativistas. A ministra do Desenvolvimento Social estima que até 70 mil famílias podem ser beneficiadas. Para garantir o benefício, essas famílias terão que comprovar a preservação da mata, o que pode burocratizar o acesso ao benefício. Os mais pobres que vivem no campo também terão acesso a um recurso de fomento de até 2,4 mil reais por família pagos em quatro parcelas. Nesse caso, o governo contratará equipes de assistência técnica que ajudarão os pequenos produtores a desenvolverem projetos e acessarem os recursos. O Brasil sem Miséria também terá uma ação específica para catadores de materiais recicláveis. O objetivo é atender essas pessoas em 260 municípios e ampliar a infraestrutura para esse ramo da economia. A ideia é incluir até 280 mil pessoas. Ao final do discurso, referindo-se à "luta muito difícil" que é o combate à miséria, Dilma disse não aceitar "o fatalismo que diz que a pobreza existe em todas as sociedades". "Isso não é realismo, é cinismo", afirmou. "Os desafios não me imobilizam, os desafios não me tornam refém... sempre me fizeram avançar na vida." (Com reportagem adicional de Hugo Bachega)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.