Plano Diretor de Salvador é sancionado e causa polêmica

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Por Tiago Décimo
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O prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), sancionou hoje o novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) da capital baiana. "A partir de hoje, Salvador é outra", afirmou Carneiro, cuja frase foi "amplamente entendida" tanto entre apoiadores dele - e do plano - como entre os opositores. "Salvador, agora, vai enfrentar um período de grande crescimento, de emprego e renda", afirmou acreditar o presidente da Câmara Municipal, Valdenor Cardoso (PTC). "A cidade vai ficar pior", rebateu o vereador Everaldo Augusto (PC do B) - que fazia parte do bloco aliado até o fim de 2007. A solenidade que marcou o lançamento oficial do PDDU na capital foi realizada na sede da Associação Comercial da Bahia (ACBahia), no histórico bairro do Comércio. O evento teve direito a tapete vermelho e apresentação da Orquestra de Berimbau da Bahia para receber os convidados - todos defensores do projeto. Estavam presentes vereadores da base aliada, secretários municipais e representantes de diversas empresas, em especial do ramo imobiliário. Do lado de fora, ficaram vereadores da oposição, sindicalistas e integrantes de movimentos sociais, que levaram faixas e cartazes, além de abacaxis, bananas e mingau para a frente da ACBahia. Dentro, aplausos, apoiados por frases de efeito de Carneiro, como "vamos esquecer aquela cidade que nos envergonhava". Fora, palavras de ordem contra a proposta e farta distribuição dos produtos alimentícios a quem passava. A controversa idéia, promessa de campanha do prefeito de Salvador (hoje em campanha pela reeleição), tem 347 artigos que tratam do zoneamento da cidade e das especificações econômico-sociais de cada área. Foi votada às pressas, numa eleição conturbada - com direito a troca de sopapos entre representantes a favor e contra -, antes do recesso de fim de ano, na Câmara, onde recebeu 153 emendas. Algumas, segundo os críticos, não tiveram a viabilidade estudada antes da aprovação. Polêmica A que mais causa polêmica é a liberação da altura dos prédios da orla do município para 18 andares e do próprio bairro do Comércio, onde foi realizada a reunião, para 13. Quem critica afirma que tais mudanças acarretarão dificuldades ambientais diversas, como impedimento do fluxo de ventos vindos do mar e sombreamento de trechos da praia - há locais na orla, hoje, onde não se pode construir edifícios com mais de três andares. "Esse plano precisava ser mais estudado e discutido com a população", afirmou o vereador do PC do B de Salvador. Carneiro defende-se com o argumento de que o plano, ao priorizar o incentivo à construção civil e ao comércio, trará mais empregos a Salvador. "Ainda somos a capital nacional do desemprego, com mais de 20% da mão-de-obra disponível sem trabalho. Com o PDDU, damos um passo importante para mudar esse cenário", justificou. O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), Augusto Amoedo, concorda. "Todos nós saímos ganhando", afirmou acreditar. Mesmo entre os partidos que votaram a favor da proposição, porém, não há unanimidade. O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), pré-candidato a prefeito da capital baiana, sintetizou o sentimento. "Nosso partido votou a favor porque é melhor ter algum plano do que não ter nenhum, apesar de achar que qualquer prefeito que seja eleito vai ter de rever todo o PDDU."

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