Plano prevê abertura de 2,5 mil vagas de Medicina para reduzir desigualdade

Ministérios da Saúde e da Educação desenvolvem estratégia conjunta para aumentar o número de médicos no País

PUBLICIDADE

Por Fernanda Bassette e Mariana Mandelli
Atualização:

Plano maior.

É a primeira vez que os dois ministérios juntam esforços para fazer estudos para identificar a necessidade de profissionais e discutir a qualidade da formação médica. A proposta foi oficialmente apresentada no início do mês aos conselhos nacionais de Educação e Saúde.

"Esse plano faz parte de um projeto maior, que envolve toda a formação na área de saúde, incluindo odontologia, enfermagem, fisioterapia e terapia ocupacional", diz Milton de Arruda Martins, secretário de gestão do trabalho e educação em saúde do Ministério da Saúde.

PUBLICIDADE

Para chegar ao diagnóstico da falta de médicos por região, o governo dividiu o número de profissionais ativos pela população de cada Estado. Essa conta apontou a cifra de 1,8 médico por mil habitantes. "Mas países que são considerados modelo em atenção à saúde possuem pelo menos 2,5 médicos por mil. E é com esse horizonte que estamos trabalhando", afirma Martins, que reforça que não se sabe se esse número é realmente o ideal.

Disparidades.

O levantamento mostra o déficit de médicos nas Regiões Norte e Nordeste - que agora viram foco do governo.

O Estado do Maranhão possui a situação mais crítica: 0,6 médico para cada mil habitantes. Na contramão estão o Rio de Janeiro e o Distrito Federal, com 3,5 médicos por mil habitantes - número acima da média ideal. São Paulo está exatamente na média que o Brasil quer atingir: 2,5 médicos por mil.

Publicidade

Agora os ministérios estão cruzando o número de vagas de Medicina que cada Estado oferece por ano. O cálculo para fazer a projeção sobre a abertura de novas vagas ainda leva em consideração o envelhecimento dos médicos na ativa e a quantidade de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) disponíveis.

"A questão mais urgente é resolver as disparidades regionais. Isso vai ajudar o MEC a saber quais Estados serão priorizados na abertura de novas vagas de Medicina", diz Martins. Ele exemplifica a situação com o Maranhão, que tem 181 vagas em 3 cursos. "São números insuficientes para suprir a demanda de médicos", afirma. O Rio, por sua vez, oferece 2.516 vagas por ano em 18 escolas. "Não há motivos para abrirmos novas vagas nesse local", afirma Martins.

Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), não faltam médicos no País - o problema é a distribuição deles. O órgão é contra a expansão de vagas.

"E isso só pode ser corrigido erradicando as causas, como a falta de condições adequadas de trabalho, de centros de referência e de uma carreira de Estado que estimule o médico, até mesmo os mais experientes", diz o vice-presidente Carlos Vital. Segundo ele, o CFM só é a favor da criação de novas vagas se elas substituírem as que já existem em escolas ruins.

Martins, do ministério, diz que o programa contempla a abertura e o fechamento de vagas ao mesmo tempo. "Fechamos cerca de 800 vagas em dois anos. As exigências estão cada vez mais rigorosas."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.