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Plantio de inverno: é hora de proteger o solo

Após a safra de verão, ideal é semear alguma lavoura que forneça [br]palhada, sirva de adubo verde e previna a erosão

Por Fernanda Yoneya
Atualização:

Após a colheita da safra de verão, não faltam opções de cultivos para manter o solo coberto (adubação verde) e até ter uma fonte de renda. No inverno, a recomendação é evitar deixar a área produtiva em ''pousio'', o que significa deixá-la sem plantio. ''Deve-se cobrir o solo com algum cultivo para evitar a erosão'', diz o agrônomo Armando Portas, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), da Secretaria de Agricultura paulista. Segundo ele, essa vegetação diminui o impacto da água de chuva e da incidência do sol na terra. Outra vantagem é que, com o solo coberto, evita-se o crescimento de ervas espontâneas, multiplicadoras de nematóides e doenças do solo. ''Como há benefícios diretamente no solo, com influência na lavoura de verão, o cultivo de inverno é um investimento'', diz Portas. ''Com a cobertura, a produtividade na safra principal aumenta até 15%, desde que sejam usadas sementes de boa qualidade e a lavoura seja conduzida com critério.'' Conforme o clima da região e o interesse do produtor, pode-se optar entre nabo forrageiro, sorgo, milheto, aveia, painço, setária, crotalária, girassol, ervilha forrageira, ervilhaca peluda e tremoço, cada uma com uma ''habilidade'' na recuperação das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. A aveia, por exemplo, tem alta produção de matéria seca (cortada, pode ser dada aos animais no cocho), que reduz a população de plantas daninhas. As raízes profundas do nabo forrageiro descompactam o solo e facilitam a infiltração de água. A ervilhaca possibilita o desenvolvimento de bactérias fixadoras de nitrogênio nas raízes, melhorando a fertilidade. O tremoço, com sistema radicular profundo, fixa nitrogênio. As plantas podem ser semeadas individualmente ou misturadas, na forma de ''coquetel''. Para o agrônomo Godoy Neto, do Clube Amigos da Terra Grupo de Plantio Direto de Pirassunnga e Região, que cultiva milho, soja e laranja em 280 hectares, a cobertura evita erosão e aumenta o teor de matéria orgânica na terra. Este ano, Neto já plantou 50 hectares de sorgo, 15 hectares de aveia preta e 15 de painço. O sorgo será vendido para granjas de suínos; o painço, usado na nutrição de pássaros, será destinado para cerealistas. Já a aveia será usada no preparo de ração para bovinos, vendida para pequenos criadores. ''A aveia, por evitar o desenvolvimento de ervas daninhas, diminui o uso de herbicidas'', diz ele. Para o produtor que quer retorno econômico, Neto sugere o girassol e o nabo forrageiro, que têm potencial para o mercado de biodiesel.

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