Plantio de vetiver recupera solos e combate erosão

Enraizamento vertical e extenso da planta permite seu uso na proteção de mananciais e contenção de encostas

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Por Fernanda Yoneya
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O vetiver, cujo óleo essencial é conhecido na indústria de fragrâncias, tem outra utilidade que vem sendo difundida em áreas rurais e urbanas. A planta tem se mostrado eficiente na recuperação de solos degradados e no combate à erosão. Principalmente nesta época, marcada pela ocorrência de chuvas torrenciais, os impactos da água no solo causam danos ambientais e econômicos. ''A erosão hídrica é um grave problema ambiental e decorre do mau uso do solo'', diz o agrônomo André César Henriques, do escritório local de Caxambu, da Emater-MG. Henriques coordenou o projeto Estabilização de Solos e Controle de Erosão com Vetiveria zizanioides (L.) Nash e garante que o vetiver, espécie perene e rústica, tem características capazes de controlar a erosão mesmo em condições adversas de clima e solo. RAÍZES Entre os atributos da planta que servem no controle da erosão, Henriques cita o direcionamento vertical das raízes. Estas, profundas e extensas - atingem até 6 metros -, funcionam como ''pregos'' e retêm dos mais finos aos mais grosseiros sedimentos, criando uma barreira natural ao escoamento da água. ''Como a raiz cresce para baixo, há redução da velocidade de enxurradas e aumento da capacidade de infiltração da água no solo'', diz. Além disso, o extenso alcance das raízes confere à planta capacidade de resistência à seca prolongada e de recuperação após situações de stress, como queimadas, pastoreio intensivo e alagamentos. ''Também é comprovada a tolerância ao ataque de pragas e doenças.'' TECNOLOGIA O cafeicultor Adriano Sério, da fazenda Ouro Verde, de 80 hectares, em Caxambu (MG), resolveu problemas de deslizamento de terra na fazenda com a planta. ''Refiz a encosta e plantei duas linhas de vetiver. Esta área, mesmo sendo artificial, segura as chuvas.'' Gostou tanto do resultado que construiu um viveiro de mudas de vetiver. ''Uso a planta para fazer contenção de barragem e, preventivamente, plantei para proteger área de nascente.'' Henriques diz que o uso de vetiver em intervenções ambientais é uma tecnologia simples e barata. Simples porque a fixação biológica de nitrogênio e fósforo permite à planta vegetar em solos de baixa fertilidade. Sua rusticidade também a torna tolerante a temperaturas menores que 9 graus e superiores a 50 graus. ''E é uma opção econômica porque uma barreira de contenção de vetiver custa cerca de R$ 60/hectare, enquanto o custo de métodos convencionais pode chegar a R$ 1.000/hectare.''   NÃO HÁ RISCO DE A ESPÉCIE VIRAR PRAGA O agrônomo André Henriques, da Emater-MG, explica que o plantio de vetiver em projetos de recuperação ambiental é seguro, porque, como a planta é estéril - só se multiplica por subdivisão de touceiras -, não há risco de virar praga ou se tornar invasora. ''Para fazer a multiplicação, é preciso podar folhas e raízes e desmembrar a touceira'', explica. Ainda conforme Henriques, o vetiver raramente produz sementes férteis, não produz rizomas, estolões ou qualquer outra estrutura reprodutiva. ''Para eliminá-lo, basta arrancá-lo e deixá-lo exposto'', diz. ''O único fator limitante ao desenvolvimento da planta é o sombreamento excessivo.''

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