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Poeira cósmica ajuda a entender o passado do clima na Terra

Os cientistas mediram a concentração de hélio-3 no gelo. Esse é um isótopo raro, abundante no vento solar mas quase inexistente na Terra

Por Agencia Estado
Atualização:

A cada ano, 40.000 toneladas de poeira cósmica caem na Terra, vindas do espaço. O primeiro estudo bem-sucedido da cronologia da poeira extraterrestre na Antártida mostra que a quantidade se manteve constante por 30.000 anos, o que poderá ajudar a refinar os esforços para avaliar mudanças no clima durante o passado do planeta. O mesmo estudo mostra que a poeira carregada até a Antártida de fontes terrestres mudou de acordo com clima. O trabalho, que será publicado na edição desta sexta-feira da revista Science, envolveu pesquisadores do Laboratório Terra Lamont-Doherty, parte do Instituto Terra da Universidade Columbia (EUA), e o Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marítima (Alemanha). A profundidade do núcleo de gelo antártico examinado corresponde a um período entre 6.800 anos e 29.000 anos antes do presente, intervalo que inclui o apogeu da era glacial e a transição para condições mais amenas, semelhantes às atuais. Os cientistas mediram a concentração de hélio-3 (He3) no gelo. Esse é um isótopo raro, abundante no vento solar mas quase inexistente na Terra. O He3 chega ao nosso planeta incrustado em partículas de poeira com diâmetro de poucos milésimos de milímetro. Essas partículas podem acabar preservadas no gelo das calotas polares. Os pesquisadores descobriram que a acumulação de poeira cósmica não mudou muito durante o final da última era glacial, fato que deverá reforçar o uso da poeira como índice para avaliar as mudanças do clima ao longo do tempo. O estudo também avaliou a poeira mineral, transportada pelo vento dos continentes do hemisfério sul, e descobriu que a composição dessa poeira mudou consideravelmente com as alterações do clima.

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