Polícia cancela coletiva e diz que ainda falta ouvir quatro

Depoimentos do avô e da tia da Isabella, previstos para acontecer à tarde, também foram adiados

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Por Carol Freitas
Atualização:

A polícia de São Paulo cancelou a entrevista coletiva para falar do caso Isabella Nardoni, marcada para esta terça-feira, 22, às 15 horas. O diretor do Departamento de Polícia Judiciária, Aldo Galeano, vai receber a imprensa para explicar os motivos da decisão. Participariam da coletiva os delegados do 9º Distrito Policial (DP), Calixto Calil Filho e Renata Pontes, e peritos do Instituto de Criminalística (IC). Segundo a polícia, ainda é preciso ouvir quatro testemunhas para finalizar o inquérito que investiga o assassinato de Isabella de Oliveira Nardoni, que foi morta na noite do dia 29 de março, depois de ser jogada do 6º andar do prédio em que seu pai mora, com mulher e outros dois filhos.  VEJA TAMBÉM Depoimentos de avô e tia de Isabella são adiados novamente Avô de Isabella diz que polícia ignora provas importantes Fotos do apartamento onde ocorreu o crime  Cronologia e perguntas sem resposta do caso  Tudo o que foi publicado sobre o caso Isabella  Depois dos advogados do casal terem acusado a polícia de não agir corretamente na investigação, o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Aldo Galiano, afirmou que a polícia não pretende bater de frente com a defesa. "Há um momento em que a liberdade de imprensa confronta com o interesse público de investigação. Decidimos que não podemos conceder uma entrevista sobre o caso antes de finalizar o inquérito. Para isso, temos de ouvir quatro testemunhas fundamentais sobre o caso", explicou o delegado, que não revelou quem são estas testemunhas. Nesta terça-feira, o advogado tributarista Antonio Nardoni, e sua filha Cristiane, deveriam ser ouvidos, no entanto, o depoimento deles foi adiado para quarta-feira, 23. Isabella, de 5 anos, foi morta dia 29 de março. Segundo a polícia, ela teria sido vítima de agressão e depois jogada pela janela do apartamento do pai, Alexandre Nardoni, no sexto andar do Edifício London, na zona norte de São Paulo. Os laudos da perícia sobre o caso ainda não foram divulgados. Alexandre e a madrasta da menina, Anna Carolina Jatobá, foram indiciados por homicídio na sexta-feira. Eles alegam inocência. Métodos de investigação Os advogados de defesa de Alexandre e Anna Carolina anunciaram na segunda-feira, 21, que devem entrar nesta terça-feira, 22, com uma representação na Corregedoria da Polícia Civil questionando os métodos de investigação. A principal razão da medida "drástica", como os advogados consideraram, foi o fato de o casal ter sido interrogado na sexta-feira com base em resultados de laudos que não foram apresentados para a defesa e que não constariam do inquérito. "A defesa constatou irregularidades no curso da investigação, como a utilização de laudos a que ninguém teve acesso", diz o advogado Rogério Neres de Sousa. "No depoimento do casal, foi feita a menção a informações que não constam do inquérito, o que, na nossa visão, são provas inexistentes." O advogado cita a informação de que haveria sangue de Isabella no Ford Ka do casal. "Alexandre e Anna Carolina foram inquiridos sobre o sangue no carro, que os policiais disseram ser com certeza de Isabella. Mas nunca vimos esses laudos. E, pelo que ficamos sabendo pela imprensa, o laudo pericial não aponta que o sangue seja de Isabella. Ou seja, a polícia está usando provas que simplesmente não existem." O laudo do Instituto de Criminalística (IC) apontou vestígios de sangue na parte traseira do encosto do banco do motorista, no assoalho do carro e na cadeirinha de bebê. Mas a quantidade de material achado não permitiu a realização do exame de DNA, que determinaria se o sangue era ou não de Isabella. Na sexta feira, logo após o interrogatório, o casal foi indiciado por homicídio doloso triplamente qualificado: motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Assim, Alexandre e Anna Carolina passaram da condição de averiguados à de suspeitos no inquérito - o termo indica que a polícia descarta a hipótese de envolvimento de outras pessoas no crime. A defesa, no entanto, continua afirmando que haveria uma terceira pessoa na cena do crime. "É preciso ampliar a investigação", diz Rogério Neres de Sousa. Os advogados pretendem provar duas teses: a de que a segurança do prédio era precária, e qualquer um poderia ter entrado no dia do crime; e a de que a família vivia harmoniosamente, sendo que Isabella e a madrasta eram muito próximas. "Temos uma testemunha que assumiu ter entrado diversas vezes no edifício por uma porta lateral sem nunca se identificar. Por que a polícia não leva isso em conta?"

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