Polícia Civil procura responsável por explosão no Rio

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Por PEDRO DANTAS
Atualização:

A Polícia Civil tenta identificar o responsável pelo armazenamento de botijões de gás no prédio destruído, parcialmente, ontem, no centro do Rio, por uma explosão. Hoje, peritos do Instituto Carlos Éboli estiveram no edifício para apurar as causas do acidente que deixou nove feridos, três em estado grave. O dono da fábrica de bijuterias onde ocorreu o estouro, Eduardo Santos, de 72 anos, negou que os 13 botijões e três cilindros de acetileno e oxigênio retirados ontem dos destroços pertençam à empresa. O Corpo de Bombeiros informou que ele não poderia ter autorização para trabalhar sequer com um botijão, pois o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico proíbe o uso deste material onde há gás encanado. Santos negou que estocasse esses recipientes, mas admitiu que trabalhava com material inflamável e disse que a última vistoria dos bombeiros aconteceu "há mais de 20 anos". "Este material recolhido não era meu. Deve pertencer à outra firma. Nós trabalhávamos apenas com dois botijões de 3 quilos. Tenho o alvará do Corpo de Bombeiros me autorizando a funcionar desta forma", afirmou. Os dois filhos dele foram gravemente feridos no acidente. Renato Santiago dos Santos, de 43 anos, ficou com 85% do corpo queimado. Santiago dos Santos não percebeu o vazamento de um botijão, acendeu um maçarico e provocou a detonação. A filha, Tânia Santiago Santos, de 49, foi a última a ser resgatada dos escombros, teve a tíbia esmagada e sofreu queimaduras. Um funcionário da fábrica, Diogo Oliveira Silva, de 24 anos, sofreu queimaduras em 25% do corpo. Todos permanecem internados em estado grave. O empresário esteve hoje no imóvel, mas não foi autorizado a subir. "Acho que perdi tudo, mas quero ver se sobrou alguma coisa para recomeçar a vida", disse Eduardo Santos, que chorou após ser barrado pelos policiais, que vigiam o prédio 24 horas para evitar saques. Hoje, vários comerciantes retiraram os pertences do imóvel. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que três dos nove feridos saíram do Hospital Souza Aguiar, entre eles Marizete Monteiro da Silva, de 39 anos, que foi jogada pelo impacto da explosão do quinto andar para o toldo da janela do terceiro, na área interna. O coordenador-técnico da Defesa Civil, Luiz André Alves, afirmou que a responsabilidade do condomínio também será apurada. "O código do Corpo de Bombeiros proíbe utilização de bujão de gás e o condomínio deve aplicar estas regras. O porteiro e o síndico não podem permitir a entrada deste material. Não podemos colocar um fiscal em cada prédio por 24 horas; por isso, a sociedade deve colaborar", declarou. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sérgio Bandeira de Mello, disse que o local onde funcionava a fábrica de bijuterias não deve obedecer às exigências técnicas. Ambiente "Botijão não explode. O acidente foi causado pela concentração de gás num ambiente pouco ventilado", opinou. Além do edifício, a Defesa Civil interditou a área dos fundos de quatro lojas atingidas por destroços da explosão. Delas, duas ficaram fechadas. "As pedras atingiram o telhado da minha oficina de reparos, que foi interditada. Dois compressores de ar quebraram e duas caixas d''água foram danificadas. Vou pedir que o condomínio do prédio pague meu prejuízo. Caso não haja acordo, irei à Justiça", disse o sócio de uma loja de jóias Anis Chilaze.

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