PUBLICIDADE

Polícia não acha marca de tiro onde garoto morreu no Rio

Por PEDRO DANTAS
Atualização:

A Polícia Civil do Rio não encontrou indícios que houve uma troca de tiros na viela onde o menino Matheus Rodrigues Carvalho, de 8 anos, foi morto ontem com um tiro de fuzil na Favela Baixa do Sapateiro, no Complexo da Maré (zona norte). "Não havia marcas de outros disparos ou cápsulas deflagradas e há indícios que a outra marca de tiro na porta foi feita pela mesma bala que atingiu a cabeça do menino", afirmou o delegado-titular da 21ª Delegacia de Polícia, Carlos Eduardo Pereira Almeida. A informação contradiz a versão apresentada pela Polícia Militar de que o menino foi vítima de uma bala perdida durante um tiroteio entre traficantes rivais. No entanto, o delegado foi cauteloso e disse que "nenhuma versão para o caso está descartada" e disse que "ainda é cedo" para acusar a PM. O delegado disse que vai aguardar o exame de balística nos quatro fuzis e quatro pistolas apreendidas dos policiais que estavam na favela e o laudo da perícia no local do crime cujo prazo para entrega é de 30 dias. "O laudo vai dizer se houve tiroteio e de onde partiu o tiro", afirmou Almeida. Hoje, ele fez um apelo para que as testemunhas do crime compareçam à delegacia. "Até agora ninguém prestou um depoimento dizendo que viu os policiais atirarem. Podem telefonar, mandar carta ou comparecer. Qualquer informação sustentável será apurada", garantiu Almeida. O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, declarou que "caso haja qualquer indício de disparo nas armas, os policiais serão punidos e vão responder administrativamente e criminalmente". Hoje, no enterro de Matheus, no Cemitério de Caju (zona portuária), o clima era de descrença na investigação. Entre as 200 pessoas, algumas disseram que presenciaram o crime. Segundo eles, os PMs faziam uma operação na favela e estavam atrás de um rapaz que estava com um radiotransmissor.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.