Polícia pedirá quebra de sigilo do padre Júlio

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Por Bruno Tavares , Camilla Haddad e RODRIGO PEREIRA E CHARLIZE MORAIS
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A polícia pedirá na segunda-feira a quebra do sigilo bancário do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Menor de São Paulo. A medida foi divulgada ontem, no anúncio da prisão de três acusados de extorquir dinheiro do padre. Anderson Marcos Batista, de 25 anos, Evandro dos Santos Guimarães, de 28, e Conceição Eletério, de 44, estavam escondidos num apartamento na Rua Riachuelo, centro. Em depoimento à polícia, Batista negou a extorsão. Disse que mantinha relações sexuais com o religioso desde os 16 anos e afirmou que o padre lhe dava dinheiro espontaneamente. Segundo o advogado de Batista, Nelson Bernardo da Costa, o primeiro contato de seu cliente com o padre ocorreu há oito anos, quando o rapaz era interno na Febem (atual Fundação Casa) - ele cumpriu medida socioeducativa por um roubo cometido em Guararapes (SP). "O Anderson vem de uma família humilde e começou a gostar da forma fácil como o dinheiro vinha", disse Costa, que também defende Conceição, casada com seu cliente. O advogado afirmou que, em oito anos de convivência, Lancellotti deu dinheiro e presentes a Batista. Costa se contradisse sobre o valor que seu cliente teria recebido. Primeiro disse que o padre deu entre R$ 700 mil e R$ 800 mil. Depois, que eram R$ 500 mil a R$ 600 mil. O delegado André Pimentel, responsável pelas investigações, afirmou que, para a polícia, o padre continuará sendo tratado como vítima de extorsão. "Todas as informações fornecidas pelos acusados serão checadas, mas, por enquanto, elas são apenas matéria de defesa", disse. "Seria leviano dizer que o conteúdo dos depoimentos é verdadeiro." O ex-deputado e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, defensor do padre, desqualificou as acusações. "São declarações do advogado de um cliente que é violento, tem mais de dez inquéritos, cinco sobre extorsões. Temos de sopesar se vamos dar guarida à palavra de um bandido ou à palavra do padre. Quero que se estabeleça a presunção de inocência do padre, que denunciou a armação." No fim de setembro, o sacerdote procurou a polícia para dizer que estava sendo extorquido por Batista. Contou que deu ao grupo R$ 80 mil, porque Batista ameaçou denunciar que ele abusara de uma criança de 8 anos, filha de Conceição.

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