Polícia-RJ procura sobrinho de deputado estadual preso

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Por Talita Figueiredo
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A Polícia Civil do Rio procura Luciano Guinâncio Guimarães, de 29 anos, filho do vereador Jerônimo Guimarães Filho (PMDB), mais conhecido como Jerominho, e sobrinho do deputado estadual Natalino José Guimarães (DEM-RJ). Guinâncio Guimarães é suspeito de participar de pelo menos três dos 98 assassinatos atribuídos à quadrilha de milicianos Liga da Justiça, que atua em bairros da zona oeste da capital fluminense. Natalino José Guimarães foi preso na segunda-feira, e o irmão dele está detido desde dezembro. Os dois são acusados pela polícia de comandar o bando, que, além de explorar serviços ilegais, também atua na tentativa de controlar os principais redutos eleitorais da zona oeste da capital. Guinâncio Guimarães, que seria o herdeiro do controle da Liga da Justiça, foi expulso da Polícia Militar (PM) e é apontado como chefe do braço armado da quadrilha. Além do filho do vereador, a polícia busca também Leandro Paixão Viegas, mais conhecido como Leandrinho Quebra-Ossos, procurado pelas mesmas mortes. Os dois têm mandados de prisão decretados pela Justiça. O delegado adjunto da 35ª Delegacia de Polícia (DP), Eduardo Jorge Alves Soares, disse acreditar que os dois estavam entre os sete homens que fugiram da batida policial na reunião da suposta quadrilha na casa do deputado estadual, na segunda-feira, quando o parlamentar e outros quatro homens foram presos. Uma das mortes atribuídas a Guinâncio Guimarães e Leandrinho Quebra-Ossos é a do policial civil Félix dos Santos Tostes, em fevereiro de 2007. Tostes seria o controlador da milícia mais antiga do Estado, na Favela de Rio das Pedras, que elegeu nas últimas eleições o vereador Nadinho de Rio das Pedras (DEM). Armas Entre as 13 armas encontradas na casa do deputado e nos carros que foram abandonados pelo grupo na fuga, a polícia identificou um policial civil e deve pedir amanhã um mandado de prisão contra ele. Hoje, o delegado adjunto da 35ª DP recebeu uma denúncia de uma moradora de Seropédica (na Baixada Fluminense, próxima da zona oeste) de que o grupo expandiria a atuação no local. Ela forneceu nomes de policiais militares e de uma cooperativa de vans de fachada. Segundo Soares, os milicianos estão em busca de poder político e querem controlar a região, um curral eleitoral de cerca de 1 milhão de votos. Para ele, a prisão de quase 30 homens do bando, até mesmo os supostos chefes, é um "duro golpe na quadrilha". Segundo Soares, caso a prisão de Jerominho e do deputado estadual do DEM seja mantida, a Liga da Justiça pode acabar em menos de três meses. O delegado adjunto investiga ainda 43 envolvidos diretamente com a quadrilha, mas afirmou acreditar que ninguém terá articulação para mantê-la. Automóveis apreendidos e expostos no pátio da 35ª DP, em Campo Grande, na zona oeste, avaliados em cerca de R$ 1 milhão, dão uma pequena demonstração dos recursos financeiros da Liga da Justiça. Entre os veículos, muitos importados, estão um Volvo e uma BMW blindados, dois Citroëns (um C3 e um C5), um Audi A3, uma Toyota Hillux, uma Cherokee e uma Honda CBR 600. "Eles gostam de ostentar e não se preocupam com isso porque têm a certeza da impunidade. O dinheiro deles vem da exploração de serviços como o superfaturamento da venda de gás, a venda de sinal pirata de TV a cabo e o controle do transporte ilegal nas favelas", disse. Segundo Soares, a Blazer era usada para "patrulhamento" nas favelas. Foram apreendidos duas Cherokees e o Volvo numa mata atrás da casa do sargento PM Sílvio Pacheco Fontes. "É impressionante como um policial militar consegue dinheiro para tudo isso", ironizou.

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