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Polícia teme protestos violentos na abertura da Copa

A polícia está preocupada que protestos se tornem violentas antes da partida de abertura da Copa do Mundo, quinta-feira, em São Paulo, após informações de inteligência terem indicado que centenas de manifestantes vão tentar bloquear ruas que dão acesso ao estádio. A polícia tem usado grampos telefônicos e mídias sociais para reunir informações sobre movimentações de manifestantes e seus planos antes do jogo de abertura do Mundial, entre Brasil e Croácia, que terá um público de mais de 60.000 pessoas, incluindo a presidente Dilma Rousseff e outros chefes de Estado. Manifestações contra a Copa do Mundo têm ocorrido no país desde junho do ano passado, quando milhares de pessoas foram às ruas protestar contra os gastos envolvidos na organização do Mundial, entre outras questões. No auge dos protestos, mais de 1 milhão de pessoas participaram de manifestações em um único dia. Os protestos diminuíram significativamente nos últimos meses, mas a polícia está preocupada com grupos considerados radicais, formados na maioria por homens jovens que realizaram atos de vandalismo e entraram em confronto com a polícia anteriormente. Vários grupos de manifestantes convocaram protestos pelo Facebook para o centro de São Paulo na quinta-feira de manhã, para então seguirem em direção à Arena Corinthians, 20 quilômetros a leste. Informações da área de segurança indicam que alguns manifestantes planejam escapar das barricadas da polícia e bloquear a Radial Leste, uma importante via que será utilizada por VIPs para chegar ao estádio, de acordo com três autoridades que receberam informações de inteligência. Manifestantes e operários do metrô que estiveram em greve este mês também podem tentar obstruir a linha de trem que a maioria dos torcedores deve usar para ir ao jogo, segundo as fontes. A polícia tem ordens para manter as ruas e o transporte público livres. "Se os manifestantes tentarem impedir os torcedores de chegar, a situação pode ficar feia", disse uma autoridade, sob condição de anonimato. "A polícia vai manter as ruas abertas, eu garanto." A própria presidente Dilma reiterou nesta quarta que o governo não vai tolerar violência em manifestações e que tem condições de garantir a segurança de todos. [ID:nL2N0OS166] Mais de 150 mil policiais e soldados foram destacados para fazer a segurança nas 12 cidades-sede do Mundial. "Respeitamos os direitos das pessoas se manifestarem", disse a presidente durante cerimônia de entrada em operação de trecho do metrô de Salvador. "No entanto, não teremos a menor contemplação com quem achar que pode praticar ato de vandalismo ou atingir o direito da maioria, que é o direito de assistir e desfrutar e usufruir da sua Copa do Mundo."

Por BRIAN WINTER
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Rafael Alcadipani, professor em São Paulo que tem ligações tanto com a polícia como com manifestantes, disse que ouviu previsões de "guerra" na quinta-feira, mas espera que prevaleça um sentimento de cabeça mais fria.

"Não acho que será tão ruim assim", disse. "As pessoas estão nervosas, mas acho que mesmo os black blocks estão percebendo que as pessoas querem que a Copa aconteça."

Delegações estrangeiras que vão comparecer ao jogo de quinta-feira, no entanto, estão "muito preocupadas" e avaliando rotas alternativas para o estádio se houver incidentes de violência, disse um diplomata.

A polícia de outras cidades também está se preparando para problemas.

Dez pessoas investigadas por participação direta ou indireta em atos violentos durante protestos no Rio de Janeiro foram levadas pela polícia nesta quarta-feira para prestar depoimento na delegacia, mas não foram presas, informou a polícia.

Entre as pessoas levadas para prestar depoimento estava a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, investigada pela Polícia Civil por suposta compra irregular de fogos de artifício, segundo a polícia.

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Os manifestantes dizem que o maior risco de violência não vem deles mas sim da polícia, que tem usado balas de borracha e bombas de gás para dispersar manifestações. Um site criado por grupos de direitos humanos para coletar evidências de violência policial estava sendo compartilhado por líderes de protestos na mídia social nesta quarta-feira.

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)

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