Policial civil preso por escoltar ladrões roga praga contra corregedores

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Por Marcelo Godoy
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Preso em flagrante pela Corregedoria da Polícia Civil, sob a acusação de escoltar ladrões que furtavam fios da Telefônica, o agente policial Derval Alves de Moura, de 60 anos, rogou pragas contra os corregedores. Ele disse aos policiais que o prendiam que ia "pôr o nome" deles "na boca do sapo e no pé do defunto". "Quando o santo baixar em mim, eu arrebento a algema", teria dito o agente aos delegados Luiz Antônio Rebello e Mônica Gamboa, da corregedoria. Por enquanto, de nada adiantaram rezas e imprecações. Derval, que trabalha no 72º Distrito Policial, na Vila Penteado, zona norte de São Paulo, foi parar no Presídio da Polícia Civil, no Carandiru.Derval foi detido na manhã de ontem por policiais militares em companhia do filho, o também policial Ricardo Ribeiro de Moura, do 7º DP (Lapa, na zona oeste). Os dois e mais um acusado foram autuados por furto, falsificação de documento e formação de quadrilha. Com eles, de acordo com os corregedores, foram achados 690 metros de fios da Telefônica furtados na Avenida Imperador, em São Miguel Paulista, na zona leste. O material estava em um caminhão Volks baú dirigido por Jovane dos Santos Serafim, de 23, também preso - sete outros acusados fugiram. Eles deixaram para trás uma Fiorino com as ferramentas para retirar os fios.Para dar cobertura aos ladrões, Derval teria usado uma viatura Palio Weekend, do 72º DP. No carro, a corregedoria achou sua roupa de pai de santo e CDs com pontos de umbanda. Seu filho, o investigador Ricardo, estava com outra perua Palio. Derval já era investigado sob a suspeita de participar de achaques contra sacoleiros que chegam do Paraguai - ele e o filho negaram as acusações.Segundo os policiais militares, foi uma denúncia anônima que os levou aos acusados. Aos PMs, Derval teria dito que estava ali investigando o furto de fios. Os presos tinham ainda uma falsa ordem de serviço da Telefônica que autorizava a retirada dos cabos. Os detidos foram levados ao 63º DP, em São Miguel Paulista, onde teria sido constatado que não havia investigação e a autorização para a retirada dos fios eram falsas.O 63º DP chamou a Corregedoria, que fez o flagrante. Coincidentemente, a Corregedoria recebeu ontem do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) um pedido para que apurasse a suposta ligação de dez ladrões de fios presos pelo departamento com um policial do 72º DP que o Deic não conseguiu identificar.

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