Pré-candidatos trocam farpas em sabatina

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Por FERNANDO EXMAN E NATUZA NERY
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As regras do evento impediam o debate direto entre os três principais pré-candidatos à Presidência da República. No entanto, elas não foram suficientes para impedir a troca de farpas entre eles em sabatina organizada pelo empresariado nesta terça-feira. Representantes das maiores empresas do país estavam presentes no evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e puderam fazer perguntas a José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). Entre promessas e agrados aos industriais, os três tiveram a oportunidade de demonstrar quais propostas apresentarão durante a campanha que culminará na eleição de outubro. Serra, que viu nas últimas semanas Dilma avançar nas pesquisas de intenção de voto, esbanjou bom humor e reforçou os ataques ao governo federal. O ex-governador de São Paulo e a ex-ministra da Casa Civil estão tecnicamente empatados, seguidos pela senadora Marina Silva. "Na área federal, a obesidade dá até gosto. Puxa vida, como dá para aumentar a eficiência", destacou, arrancando aplausos da plateia e afirmando que diversos órgãos foram loteados entre os partidos políticos aliados ao Palácio do Planalto. Dilma também defendeu o corte de custeio da máquina pública, mas alertou que a capacidade de investimento do Estado não pode ser prejudicada pela iniciativa. "Queremos agências profissionais? Eu quero. Queremos agências com critério técnico? Eu quero. Não é acabar com indicação política, é exigir da indicação política critérios técnicos", destacou. Pela primeira vez, ela foi mais explícita na defesa da desoneração sobre a folha de salários. "Num determinado momento, o Tesouro Nacional vai ter de arcar com a diferença para não quebrar Previdência", afirmou. Dilma renovou sua defesa de uma reforma tributária, e pregou a necessidade de uma política de desoneração de setores-chave da economia, com olho no investimento e no setor exportador. Serra também criticou o gargalo na infraestrutura, área que estava sob a responsabilidade de Dilma quando a petista chefiava a Casa Civil do governo Lula. "Não tem planejamento, falta gestão. Se tudo é prioridade, não tem prioridade", disparou, atacando também a proposta de reforma tributária enviada pelo governo ao Congresso. Assegurando que não faria "aventuras" na área econômica, Marina Silva criticou as alianças políticas de seus adversários. Prometeu, se eleita, conquistar apoio para aprovar projetos no Congresso a partir de acordos em torno de ideias e projetos de interesse do país. "Eu estou defendendo o realinhamento histórico entre PT e PSDB porque se esses partidos não conversarem, o Brasil continuará refém do fisiologismo, ou do Democratas ou do PMDB", afirmou. Antes de a sabatina começar, a CNI apresentou aos pré-candidatos uma pauta de demandas do setor industrial. As reivindicações passam desde por medidas na política macroeconômica, tributação, financiamento e leis trabalhistas até iniciativas para melhorar a infraestrutura e o ambiente de negócios do país. Presidente da entidade, o deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE) elogiou a ideia de Dilma de criar um ministério voltado especialmente às micro e pequenas empresas e também a promessa feita por Serra de acabar com os impostos cobrados nas obras de saneamento. No entanto, prometeu cobrar a inclusão das sugestões dos empresários nos programas de governo dos pré-candidatos. "Essa é a nossa esperança, a nossa expectativa. Evidentemente que em outros momentos nós vamos cobrar", disse. (Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)

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