Pré-teste do Enem tem nova denúncia no CE

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Por Carlos Lordelo , CARMEN POMPEU , FORTALEZA e CEDÊ SILVA
Atualização:

O procurador da República Oscar Costa Filho disse que o vazamento de questões do pré-teste do Enem 2011 pode ter se estendido a outros colégios de Fortaleza, além do Christus. Segundo ele, cerca de 30 escolas foram locais de pré-teste, apenas na capital cearense, e os coordenadores das unidades tiveram acesso aos cadernos de questões."Houve uma reunião no Colégio Santo Inácio, a convite da Cesgranrio, para que os cadernos fossem entregues aos coordenadores", afirmou o procurador. Responsável pela aplicação do pré-teste em Fortaleza, a professora aposentada Evelina Eccel Seara, de 71 anos, acusada de violação de sigilo funcional pelo MPF, disse que apenas entregou, nos dias seguintes à reunião no Santo Inácio, malotes lacrados aos coordenadores.Além de Evelina, o MPF apresentou à Justiça denúncias contra quatro pessoas: um professor e uma funcionária do Christus, pela utilização e divulgação indevida de material sigiloso, e duas servidoras do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), por falsidade ideológica. Segundo o procurador, as servidoras do Inep foram denunciadas ao negar ao MPF e à Polícia Federal a possibilidade de se obter os cadernos.Os depoimentos do procurador e de Evelina revelam detalhes do funcionamento do pré-teste que não foram esclarecidos pelo Ministério da Educação à época do vazamento, revelado pelo Estadão.edu em 26 de outubro. Não se sabia, por exemplo,que o pré-teste foi aplicado em mais de um dia e em mais de um colégio na mesma cidade. Procurada, a assessoria do MEC não confirmou as informações. No ano passado, o Estadão.edu pediu ao ministério a lista dos colégios que foram sede de aplicação do pré-teste em 2010, mas não obteve retorno.Banco de questões. Segundo a denúncia do MPF, o vazamento ocorreu porque o banco de questões do Enem é pequeno. "A divulgação pelo Inep/MEC de uma suposta composição de 6 mil itens não se sustenta à luz das investigações e das causas que desencadearam o vazamento", diz o texto. Para o procurador Oscar Costa Filho, "se existissem 6 mil questões, a probabilidade de repetir no Enem o que caiu no pré-teste era mínima. O que aconteceu mostra que o banco está esvaziado. E, se está esvaziado, não dá para fazer o Enem".Alunos do Colégio Christus receberam poucos dias antes do Enem de 2011 um simulado com várias questões idênticas às que caíram no exame. Já na noite de sábado, a coincidência entre os materiais era discutida em redes sociais. O vazamento veio à tona três dias após o Enem, levando, após intensa guerra judicial, ao cancelamento de 14 testes para os estudantes do 3.º ano e do cursinho do Christus.

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