Preços melhores recuperam uso de gás pela indústria, diz Graça

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O consumo de gás natural no Brasil ainda está abaixo do ano passado, mas segundo a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça Foster, está ocorrendo uma reação por parte do uso do insumo pela indústria desde março, estimulada pela queda de preços. "O consumo não térmico começou a dar sinais de reação em março, veio o leilão e o gás ficou mais barato", disse Graça, referindo-se aos leilões de gás promovido pela empresa nos últimos meses com o volume excedente que não está contratado. Para alívio da indústria, mais três leilões estão programados para este ano, informou a executiva. No ano passado, a média de consumo de gás não térmico --classificação que inclui indústrias, residências e veículos-- registrou média de 35,6 milhões de metros cúbicos. Segundo Graça, a média até junho deste ano gira em torno dos 32,6 milhões. Mesmo com uma leve reação da indústria, que elevou o consumo de gás natural não térmico, a diretora estima em 12 milhões de metros cúbicos a sobra de gás que precisa administrar, vindo principalmente de uma menor demanda das usinas térmicas. "Estou consumindo nos últimos quinze dias menos 10 milhões de metros cúbicos por dia de gás térmico do que planejava consumir", afirmou. Por causa disso, a Petrobras vem reduzindo a compra de gás boliviano e dando preferência à produção de gás associado à produção de petróleo. "Trago menos da Bolívia, seguro um pouco a produção do gás não associado por alguns dias", explicou, afirmando que descarta a queima de gás. "Não vamos queimar gás, quando o gás não é associado eu não produzo", garantiu. Segundo Graça, a compra de gás natural da Bolívia, que atingiu a cota máxima de 30 milhões de metros cúbicos no mês passado, atualmente gira em torno dos 26 milhões de metros cúbicos. GNL A sobra de gás não desacelerou no entanto os planos da Petrobras em relação ao Gás Natural Liquefeito (GNL), nascido para suprir a carência do mercado durante a estiagem que reduz o nível das usinas hidrelétricas, base energética do país. Segundo Graça, ela gostaria de "ter para ontem" uma planta para fabricação de GNL no país e exportar o excedente a mercados no Brasil onde ainda não chega o gasoduto. "A idéia é levar para cabotagem no Nordetse, levar para a costa, você tem mais flexibilidade para colocar o gás (com o GNL)", explicou Graça. Enquanto isso não ocorre, a área de Gás e Energia da Petrobras administra as cargas de GNL já negociadas, explicou Graça. "Temos a opção de não trazer, e pagamos por isso, e temos a opção de vender as poucas cargas que precisamos trazer", disse a executiva. A Petrobras já conta com dois terminais para receber o GNL importado, que é regaseificado e distribuído no país. Agora a empresa prevê construir terminais também de liquefação, para exportar o produto em forma líquida nesses momentos de sobra. Um dos terminais poderá ser instalado na região do pré-sal, em alto mar, para transformar os imensos volumes esperados de gás na região em GNL, evitando a construção de dutos que teriam cerca de 300 quilômetros. A previsão inicial é de uma unidade capaz de produzir 10 milhões de metros cúbicos de GNL. Para avaliar o custo do projeto em relação a outras opções, como o gasoduto, a Petrobras vai lançar em breve no mercado as chamadas para concorrência de terminais de GNL flutuantes, para ter uma noção do custo. "Daqui a pouco vai sair a chamada para o mercado dessa (planta) do pré-sal, para apresentação de preço", informou sem dar detalhes. Segundo Graça, ela tem até março de 2011 para decidir de que forma será escoado o gás natural do pré-sal. Já a terceira planta de GNL, mais completa do que as duas atuais, porque vai contar também com uma unidade de liquefação, ainda não tem lugar definido. Segundo Graça, apenas em 2010 deverá ser anunciada e levará cerca de quatro anos para ficar pronta. A empresa já tem uma planta de regaseificação de GNL no Ceará, com capacidade de 7 milhões de metros cúbicos e outra na baía da Guanabara, com capacidade de 21 milhões. Segundo Graça, a baía da Guanabara também é candidata a receber a terceita planta. (Por Denise Luna; Edição de Marcelo Teixeira)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.