A Prefeitura do Rio sabia exatamente qual seria o trajeto que a comitiva de segurança do papa Francisco utilizaria entre a Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador, zona norte, até o centro da cidade. O comboio que transportava o pontífice ficou parado num congestionamento na pista lateral da Avenida Presidente Vargas, no centro, e foi cercado por populares em pelo menos três pontos da via, colocando o papa em risco.
Publicada na edição de segunda-feira no "Diário Oficial do Município", a portaria 18.590 da Secretaria Municipal de Transportes autorizava a interdição, a partir das 15h, de parte da pista lateral da Presidente Vargas, sentido centro - justamente a pista utilizada pela segurança do papa. Como justificativa, a portaria citava esquema especial de trânsito "para realização da Jornada Mundial da Juventude".
Apesar disso, vários veículos - a maioria ônibus - ficaram parados em três das quatro faixas da pista lateral, enquanto aguardavam a liberação para voltar a circular pelo centro. Com isso, o comboio do papa só encontrou uma faixa liberada para circular, e ficou preso no engarrafamento. Enquanto isso, na pista central o trânsito fluía normalmente.
Um dia depois de dar duas versões para o episódio, o secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, não quis explicar onde ocorreu a falha. Inicialmente ele dissera que a prefeitura não havia sido informada do trajeto pela Polícia Federal (responsável pela segurança próxima do papa). Depois afirmou que um servidor municipal não havia transmitido a informação aos superiores. "Com relação ao incidente de ontem, foi acordado que faremos uma avaliação conjunta ao fim da visita do papa", disse o secretário.
Na noite desta terça-feira, 23, após as declarações iniciais de Osório, a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (SESGE) do Ministério da Justiça e a Prefeitura do Rio divulgaram nota conjunta dizendo que o município sabia sobre o trajeto do pontífice desde a manhã da segunda.
A nota diz ainda que o município "se comprometeu a reforçar sua representação no Centro de Comando e Controle para agilizar o fluxo de comunicação que permita uma tomada de decisões mais ágil, para evitar que, novamente, uma informação disponível não chegue ao conhecimento da cúpula da Prefeitura".