Premiê do Japão antecipa eleições em busca de legitimidade para política econômica

PUBLICIDADE

Por LEIKA KIHARA E TETSUSHI KAJIMOTO
Atualização:

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse nesta terça-feira que vai convocar eleições antecipadas em busca de aprovação para suas políticas econômicas e adiar um impopular aumento do imposto sobre vendas, um dia depois de dados revelaram que a economia voltou à recessão. A terceira maior economia do mundo encolheu de forma inesperada pelo segundo trimestre consecutivo entre julho e setembro, sinal de que o impacto de um aumento inicial de 5 para 8 por cento nos impostos sobre vendas em abril durou mais do que o esperado. Abe afirmou que irá postergar por 18 meses um segundo aumento para 10 por cento que estava marcado para entrar em vigor em outubro de 2015, e acrescentou que irá dissolver a câmara baixa do Parlamento em 21 de novembro para realizar uma votação em até 40 dias – a eleição deve acontecer em 14 de dezembro. O premiê, que retornou ao poder em dezembro de 2012 depois de uma passagem curta e turbulenta pelo cargo entre 2006 e 2007 e que prometeu ressuscitar o crescimento com uma mistura radical de política monetária ultraexpansionista, gastos e reformas, insistiu que suas políticas estão funcionando e desafiou a oposição a oferecer uma alternativa. “Estou ciente de que os críticos dizem que a 'Abenomics' (como ficou conhecida sua política) é um fracasso e que não está funcionando, mas não ouvi uma ideia concreta sobre que outra coisa fazer... nossas políticas econômicas estão equivocadas ou corretas? Há outra opção?”, indagou ele em uma coletiva de imprensa televisionada. “Esta é a única maneira de pôr fim à deflação e recuperar a economia”. Mas Abe prometeu que o aumento nos impostos sobre vendas, necessário para arcar com os custos crescentes da seguridade social e conter a dívida pública gigantesca do Japão, será implementado sem falta em abril de 2017. Abe quer renovar seu mandato no momento em que as dúvidas sobre o sucesso de sua estratégia se aprofundam. Não seria preciso realizar eleições para a câmara baixa do Parlamento até o final de 2016, mas Abe conta com elas para afirmar sua liderança antes que seu índice de aprovação, hoje abaixo dos 50 por cento em algumas pesquisas mas robusto pelos padrões japoneses, caia ainda mais. O apoio ao líder sofreu um golpe em função de escândalos de financiamento em seu gabinete no mês passado, e no ano que vem espera-se que ele aborde políticas impopulares, como o religamento dos reatores nucleares da usina de Fukushima, que sofreram vazamentos após o tsunami de 2011. Críticos dizem que a ‘Abenomics’ beneficiou grandes empresas e moradores ricos das grandes cidades ao enfraquecer o iene, a moeda local, e fortalecer o mercado de ações, mas que os japoneses comuns têm sido prejudicados porque a inflação ultrapassou os aumentos de salários. Mais cedo, depois de se reunir com seus conselheiros econômicos, Abe declarou a repórteres que o consumo está freando, apesar de outros sinais positivos, e que irá preparar medidas de estímulo, especialmente para empresas e regiões menores.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.