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Premiê do Líbano alerta Obama sobre frustrações árabes

Por MATT S
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O primeiro-ministro do Líbano, Saad al-Hariri, alertou na segunda-feira o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a respeito da "disseminada" frustração dos árabes com os esforços de paz do Oriente Médio. Na primeira visita oficial de Hariri aos EUA, os dois governantes discutiram a preocupação norte-americana de que a Síria esteja armando a guerrilha xiita Hezbollah, que também é um partido político com participação no governo libanês. Analistas dizem, no entanto, que o tom de Obama seria mais de incentivo do que de cobrança. Falando após a reunião na Casa Branca, Hariri elogiou Obama por tentar retomar a diplomacia árabe-israelense para a paz, mas disse ter avisado o presidente de que "o relógio está correndo, e está correndo contra nós." "Também apontei a disseminada frustração e ceticismo nos mundos árabe e islâmico a respeito dessa questão. Não tenham dúvidas: o fracasso vai nutrir mais extremismo e dará à luz novas formas de violência." Israel e os palestinos iniciaram neste mês negociações indiretas, sob mediação dos EUA, mas ainda há profundas diferenças entre ambas as partes, que se mostram pessimistas quanto à perspectiva de avanços rápidos. Questionado sobre se havia conversado com Obama sobre as suspeitas de envio de peças de mísseis da Síria para o Hezbollah, Hariri disse: "Discutimos todas essas questões." Obama, aparentemente querendo evitar que a visita ganhasse destaque, não apareceu em público com Hariri. A Casa Branca divulgou nota dizendo que os dois governantes falaram sobre "a ameaça representada pela transferência de armas para o Líbano, em violação" a uma resolução da ONU que ajudou a acabar com uma guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006. O presidente de Israel, Shimon Peres, acusou em abril a Síria de fornecer ao Hezbollah mísseis de longo alcance Scud. Damasco negou, além de acusar Israel de fomentar uma nova guerra. Funcionários dos EUA disseram duvidar de que o Hezbollah tenha efetivamente recebido Scuds da Síria, mas alguns disseram que Damasco poderia ter transferido peças bélicas ao grupo xiita, apoiado também pelo Irã. Hariri também negou as acusações de Israel, embora seu governo diga que o Hezbollah tem o direito de manter armas para conter agressões israelenses. Israel, que em 2006 travou uma guerra de 34 dias contra o Hezbollah, não sinalizou planos iminentes de atacar o Líbano. A Casa Branca disse também que Obama "salientou (a Hariri) a importância dos esforços para assegurar que o Irã cumpra suas obrigações internacionais de não-proliferação." O Líbano preside o Conselho de Segurança da ONU até o final de maio, num período em que seus 15 integrantes discutem a possibilidade de novas sanções ao programa nuclear do Irã. Diplomatas disseram que Beirute pediu discretamente aos cinco membros permanentes do Conselho que não levem a questão a votação durante o seu período na presidência. (Reportagem adicional de Alister Bull)

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