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Premiê do Mali renuncia pressionado pelo Exército

Militares realizaram um golpe em março e demonstram intenção de impor sua autoridade sobre os políticos locais

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Por Redação
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BAMACO - O primeiro-ministro do Mali, Cheick Modibo Diarra, foi forçado a renunciar nesta terça-feira, 11, acuado pelos mesmos militares que realizaram um golpe em março, num fato que complica os esforços internacionais para ajudar o governo a combater uma insurgência islâmica no norte do país africano. O Mali costumava ser um farol da democracia na África Ocidental, mas vive numa crise desde o golpe, quando rebeldes da etnia tuaregue e militantes islâmicos ligados à Al-Qaeda aproveitaram a situação caótica para tomarem o controle dos dois terços setentrionais da árida nação. Embora os militares, sob pressão internacional, tenham dado posse a um presidente e a um premiê civis, em abril, eles não chegaram a se afastar do poder e demonstram a intenção de impor sua autoridade sobre os políticos locais, fracos e divididos. Diarra renunciou ao cargo horas depois de ser detido tentando embarcar para a França. Ele foi levado para a antiga sede da junta militar, num quartel de Kati, nos arredores de Bamaco, a capital. Com semblante nervoso, Diarra, ex-cientista da Nasa e ex-diretor da Microsoft para a África, leu pela TV na manhã de terça-feira uma nota em que declara a renúncia de todo o seu gabinete. Temendo que o Mali se torne um refúgio para o terrorismo e o crime organizado, líderes da África Ocidental subscreveram um plano que prevê o envio de 3.300 soldados ao Mali para reestruturar o Exército local e colaborar nas operações de retomada do norte malinês. Mas a prisão de Diarra pode desestimular os parceiros internacionais a apoiarem o plano até que o regime civil seja fortalecido. "O que está realmente claro agora é que a junta militar é que está no controle", disse o diretor do programa de África Ocidental do International Crisis Group, Gilles Yabi. "Eles têm as armas, têm a força e estão assumindo o controle da transição. Isso esclarece o fato de que o obstáculo imediato na crise do Mali está agora em Bamaco, e não no norte."

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