Preservação gera 'lucro' no Amazonas

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Por AE
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Enquanto cientistas e diplomatas engravatados discutem o futuro climático do planeta na conferência de Poznan, na Polônia, a criançada suada e descalça que vive nas proximidades do Rio Aripuanã, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Juma, no meio da selva amazonense, se diverte no parquinho, construído com recursos provenientes de um projeto de créditos de carbono. A contrapartida é que seus pais se comprometem a não derrubar mais a floresta para fazer roça - evitando, com isso, que milhares de toneladas de carbono sejam lançadas na atmosfera. Segundo a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), trata-se do primeiro projeto certificado brasileiro de Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação (REDD), que é um dos pontos cruciais nas negociações do acordo climático que vai substituir o Protocolo de Kyoto. A história do projeto começa com o Bolsa-Floresta, um programa lançado em 2007 pelo governo do Amazonas que dá assistência financeira a famílias e comunidades que se comprometem a não desmatar. Com base nesse compromisso, estima-se que 366 mil hectares de floresta deixarão de ser desmatados na reserva do Juma até 2050. Convertido para carbono, isso significa que 210 milhões de toneladas de CO2 deixarão de ser lançadas na atmosfera neste período. A metodologia e os cálculos foram certificados pela auditora alemã Tuv Sud e validados nos padrões da Climate Community and Biodiversity Alliance. O projeto atraiu a atenção da rede de hotéis Marriott, que vai investir US$ 2 milhões nos próximos quatro anos em obras para melhorar a qualidade de vida na reserva (como a escola de Deise). Em troca, terá preferência na compra dos créditos de carbono. Além disso, campanha global vai incentivar os hóspedes a doar US$ 1 por noite ao projeto, como forma de compensar as emissões de carbono da estadia. Com 500 mil leitos e 80% de ocupação, a campanha pode arrecadar US$ 400 mil/dia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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