PUBLICIDADE

Presidente da Venezuela troca ministro do Planejamento Econômico da era Chávez

Por PATRICIA VELEZ E GIRISH GU
Atualização:

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, removeu nesta terça-feira de seu gabinete Jorge Giordani, um dos ideólogos dos complexos controles cambiais há mais de uma década em vigor na Venezuela, o que seria um sinal do pragmatismo de seu governo socialista. O heterodoxo Giordani, que era um peso-pesado durante o governo do falecido presidente Hugo Chávez, foi destituído do cargo de ministro do Planejamento e das Finanças. Na semana passada, ele deixou o conselho do Banco Central. "Quero agradecer ao professor Jorge Giordani, companheiro de todos esses anos de luta, companheiro de nosso comandante Chávez, que, com exceção de duas oportunidades, participou desses 15 anos de governo revolucionário na Venezuela", disse Maduro em seu programa semanal. Giordani, um professor apelidado de "o monge" por sua dedicação ao trabalho e seu estilo austero, foi como ministro da Fazenda e do Planejamento um dos mentores d política econômica sob Chávez. Analistas acreditam que a saída do acadêmico marxista - um dos pilares do processo de transição para uma economia socialista - de postos fundamentais na economia diminui a influência da "ala radical" em assuntos econômicos. "Essa mudança nas relações de poder é vital, porque a maior parte do gradualismo excessivo que vimos até agora se deve à capacidade de radicais de exercer o poder de veto sobre decisões importantes", disse um relatório do banco Merrill Lynch, na semana passada. O novo titular do Planejando será Ricardo Menéndez, que foi ministro da Educação Universitária e anteriormente comandou o ministério das Indústrias. Embora alguns economistas consideram a saída de Giordani como uma aceleração nos ajustes de transição que dizem ser necessários à economia venezuelana, Menéndez, um geógrafo e professor, também pertence à área conservadora do chavismo que defende o controle estatal sobre o setor privado. Para a oposição e analistas, Giordani foi o principal culpado pelas distorções econômicas que limitam a produção doméstica e o investimento estrangeiro. Maduro, herdeiro político de Chávez, enfrenta uma crescente pressão para acelerar a transição para uma economia mais favorável ao mercado num momento em que o modelo de controle estatal, no país com as maiores reservas de petróleo do mundo, está se movendo em direção à "estagflação". A taxa de inflação anual superior a 60 por cento em maio e a escassez que afeta ao menos um terço dos bens de consumo provocaram queda na aprovação do presidente, que é de cerca de 37 por cento. O governo afirma que os problemas econômicos são o resultado de uma "guerra econômica" liderada pela oposição e apoiada por Washington. Por outro lado, a oposição diz que a gestão de Maduro tem incentivado a escassez, a inflação e a criminalidade, razões pelas quais milhares de venezuelanos saíram às ruas para protestar neste ano. Em meio a esse cenário, o governo de Maduro mostrou recentemente sinais de aproximação com investidores. Na semana passada o vice-presidente da área econômica e chefe da companhia petrolífera estatal Petróleos de Venezuela, a principal fonte de dólares do país, se reuniu com investidores em Londres, onde discutiu a necessidade de unificar o sistema cambial em curto prazo. (Reportagem de Patricia Velez e Girish Gupta)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.