
07 de fevereiro de 2012 | 10h22
Nasheed entregou o poder do arquipélago do Oceano Índico para o vice-presidente, Mohamed Waheed Hassan Manik, afirmando que continuar no ofício resultaria em ter de usar a força contra a população. Manik fez o juramento de posse à tarde (horário local).
"Eu renuncio, porque eu não sou uma pessoa que deseja governar com o uso do poder", disse Nasheed em um discurso televisionado. "Eu acredito que, se o governo continuasse no poder, seria necessário usar da força, o que machucaria muitos cidadãos."
"Eu renuncio, porque eu acredito que o se o governo continuasse no poder, seria muito provável que teríamos que enfrentar influências estrangeiras."
Não ficou imediatamente claro a que influências ele se referia. A Índia ajudou a frustrar um golpe nas ilhas em 1988 ao enviar um batalhão de soldados para apoiar o governo.
O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Índia Syed Akbaruddin disse que a rebelião era um assunto interno das Maldivas "que deve ser resolvido pelas Maldivas".
De manhã, soldados atiraram gás lacrimogêneo na polícia e em manifestantes que cercavam a sede do Força de Defesa Nacional das Maldivas, na praça República.
Mais tarde, inúmeros manifestantes do lado de fora do escritório do presidente entoavam "Gayoom! Gayoom!", referindo-se ao antecessor de Nasheed, Maumoon Abdul Gayoom.
"Tenho temor que seja um golpe", disse um funcionário do gabinete de Nasheed, que pediu para não se identificado. "A polícia e o pessoal de Gayoom, assim como alguns elementos das Forças Armadas, forçaram o presidente Nasheed a renunciar. De acordo com meu livro, isso é um golpe."
Nasheed conseguiu a vitória em 2008, prometendo que implantaria a democracia completa para a ilha de resorts luxuosos e falava apaixonadamente sobre os perigos das mudanças climáticas para as ilhas.
Ele atraiu a raiva da oposição, porém, por prender um juiz que ele acusou de estar relacionado com Gayoom, que governou por 30 anos.
Espera-se que o vice-presidente comande um governo de unidade nacional até as eleições presidenciais do ano que vem.
(Reportagem adicional de C. Bryson Hull e Frank Jack Daniel)
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.