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Presidente do PCdoB vê interessados em desidratação de ministro

Por JEFERSON RIBEIRO
Atualização:

O presidente do PCdoB, Renato Rebelo, admitiu nesta quarta-feira que há setores políticos e econômicos interessados na "desidratação" do ministro do Esporte, Orlando Silva, e disse que conversará com a presidente Dilma Rousseff para defender a manutenção de Silva no cargo. O ministro é alvo de denúncias de que seria o coordenador de um suposto esquema de desvios de recursos da pasta. Ele nega as denúncias e pediu que a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República investiguem as acusações. Para o presidente dos comunistas "é claro" que existe cobiça de outras legendas interessadas na pasta, responsável pelos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e para a Olimpíada de 2016. Na avaliação de Rebelo, isso colabora para complicar a situação do ministro. "Nós sabemos como funciona a política. A diferença é que o PCdoB resiste. Vamos resistir dentro das nossas possibilidades. Somos um partido pequeno. Alguns falam em PT e PMDB (terem interesse na pasta por serem os dois maiores aliados). Deve ter isso mesmo." "Mas somos osso duro de roer", disse o comunista, que apontou que a Fifa e o Comitê Organizador Local do Mundial também podem estar interessadas no enfraquecimento de Silva. As duas entidades travam com o governo uma disputa sobre a Lei Geral da Copa. O organismo que comanda o futebol mundial, por exemplo, é contra a meia entrada durante o evento, mas o governo defende que seja mantida a legislação que beneficia idosos e estudantes com os descontos em ingressos. Numa das frentes dessa resistência, Rebelo pretende interceder pelo colega de legenda diretamente com a presidente. "Vamos dizer (a Dilma) que confiamos nele, que ele foi atingido por um desqualificado, que teve sua honra atingida", disse o presidente do PCdoB, numa referência ao policial João Dias Ferreira, autor das acusações contra o ministro. "E vamos dizer que não devia ser assim, qualquer um ataca um ministro e ele perde a autoridade. Acho que não deveria ser assim", acrescentou a jornalistas sobre a conversa que pretende ter com Dilma quando ela retornar ao Brasil de uma viagem à África. Rebelo disse que tem conversado com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que, segundo ele, tem apoiado o partido e as ações de defesa do ministro. Um deputado petista, que pediu para não ter seu nome revelado, disse à Reuters que alguns partidos aliados veem o enfraquecimento de Silva como oportunidade para reivindicar a entrega da pasta para outra legenda. "O que eu já ouvi no Executivo é que a presidente pretende fazer uma troca de comando partidário em algumas pastas. E o ministério do Esporte está entre os mais cobiçados", disse o deputado. Contudo, esse mesmo parlamentar acredita que se Orlando Silva cair nas próximas semanas, a presidente ainda manteria o posto em poder do PCdoB. Em entrevista coletiva que concedeu na segunda-feira, o ministro disse que só recebeu o policial militar João Dias por determinação do ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, que saiu do PCdoB para o PT e é o atual governador do Distrito Federal. Na época, segundo o relato, Silva era secretário-executivo de Queiroz, que chefiava a pasta. Uma fonte do Palácio do Planalto, que falou sob a condição de anonimato, disse que essa declaração pode ser interpretada como um alerta ao PT para que não trabalhe pela desestabilização do ministro.

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