Presidente paraguaio acusa oposição de desestabilizar eleição

'Agitadores da Venezuela, do Equador e da Bolívia' estariam chegando ao país, diz Duarte.

PUBLICIDADE

Por Marcia Carmo
Atualização:

A cinco dias das eleições presidenciais deste domingo, o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, disse nesta terça-feira que o candidato de oposição Fernando Lugo e grupos que o apóiam estariam à frente de "um plano desestabilizador" para o dia do pleito. Segundo o presidente paraguaio, estariam chegando ao país "agitadores sociais da Venezuela, do Equador e da Bolívia", que apoiariam Lugo, candidato da Aliança Patriótica para a Mudança (APC, na sigla em espanhol). Em entrevistas a emissoras de rádio e televisão e também durante discurso no departamento (Estado) de Caaguazú, a cerca de 200 quilômetros da capital, Assunção, Duarte Frutos disse que a oposição reagiria de forma violenta caso não seja eleita. "Estão tentando, desesperadamente, instalar a idéia de que ocorrerão fraudes", afirmou o presidente, que apóia a candidata do Partido Colorado, Blanca Ovelar. "Assim, quando sair o resultado da vitória do Partido Colorado, esses grupos que estão atuando em vários lugares, principalmente em São Pedro, vão começar a gerar distúrbios e violência no país." São Pedro é o reduto político de Lugo, onde foi bispo da Igreja Católica. "Estão ocultando elementos explosivos, e a Justiça deve intervir, fazer batidas, porque eu responsabilizo a Fernando Lugo e Federico Franco (candidato a vice de Lugo)", afirmou. "Mandaremos estas pessoas de volta a seus países se não respeitarem a festa democrática e de esperança do nosso país", disse o presidente, que concorre a uma vaga no Senado pelo Partido Colorado, legenda que está há 60 anos no poder. Resposta Em resposta às declarações do presidente, o candidato a vice de Lugo disse que "a única bomba que vai explodir domingo sairá das urnas. O povo está cansado de 60 anos de Partido Colorado no poder". Lugo lidera as pesquisas de opinião, apesar de ter reduzido a vantagem sobre os demais candidatos nos últimos dias. Até a noite de terça-feira, Lugo não havia respondido às acusações do presidente. Dois de seus assessores de campanha ouvidos pela BBC Brasil, Raul Mesa e Ausberto Rodríguez, afirmaram que o candidato presidencial não costuma responder a "ataques políticos". O ex-sacerdote costuma limitar-se a responder que confia no processo eleitoral e que é alvo de "guerra suja" Representantes dos movimentos sociais que apóiam a candidatura do ex-bispo, como Belarmino Balbuena, líder do Movimento Campesino Paraguaio e candidato ao Senado, afirmaram à imprensa local que o presidente quer gerar "medo" na população e "desestabilizar" o clima eleitoral. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.