Presidente reeleito do Quênia nomeia parte de gabinete

Nenhum dos ministros anunciados faz parte de maior partido de oposição.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O presidente do Quênia, Mwai Kibaki, anunciou parte dos ministros de seu novo gabinete de governo, nove dias depois da eleição que gerou uma grave crise política e uma onda de violência no país. Kibaki fez o anúncio de parte de seu gabinete em discurso curto transmitido em rede nacional. Durante o discurso, segundo o correspondente da BBC em Nairóbi Mike Wooldridge, Kibaki disse que pensou na importância de manter o país unido com uma liderança forte e ampla e que, por esta razão, estava anunciando apenas metade dos ministros, nenhum deles do principal partido de oposição. Wooldridge afirma que, com isso, pode-se presumir que os outros ministros poderão ser indicados depois das negociações com a oposição que serão mediadas pelo atual presidente da União Africana, o presidente de Gana, John Kufuor, que chegou nesta terça-feira à Nairóbi. O líder de oposição Raila Odinga afirmou que estas indicações de Kibaki seriam "uma piada". William Ruto, aliado de Odinga, afirmou que a oposição não vai reconhecer o novo gabinete. "O gabinete (de governo) é nulo e não tem validade legal, pois o presidente Kibaki não venceu a eleição e nós não vamos reconhecer", disse Ruto à BBC. Logo após o anúncio dos novos ministros ocorreram relatos de tumulto na cidade de Odinga, Kisumu. A polícia teria dado tiros ao alto em meio à multidão que estava nas ruas. Acusações Entre os novos ministros está Kalonzo Musyoka, que ficou em terceiro nas eleições presidenciais, atrás de Mwai Kibaki e do líder da oposição Raila Odinga. Musyoka ocupará o cargo de vice-presidente e ministro do Interior. Além do cargo de Musyoka, outros ministérios importantes também já foram preenchidos como Defesa, Segurança Interna e Exterior. Cerca de 600 pessoas morreram em uma série de protestos e confrontos violentos no país, que eclodiram logo depois do anúncio dos resultados das eleições presidente de 27 de dezembro. A oposição acusa o presidente reeleito Mwai Kibaki de ter fraudado as eleições e defende a realização de uma nova votação. Unidade nacional No fim de semana, Odinga rejeitou uma proposta de Kibaki para a formação de um governo de coalizão nacional. O líder da oposição disse que um governo de unidade nacional seria "enganar os quenianos, afastando-os seus direitos". "Nós sabemos como o governo de unidade nacional funciona", disse. "Nós estivemos nessa antes com Kibaki." O governo anunciou ter enviado soldados para desbloquear estradas em várias regiões do país a fim de facilitar o envio de ajuda a milhares de desabrigados. De acordo com autoridades da ONU, mais de 250 mil pessoas já teriam deixado suas casas para fugir da violência. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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