
20 de junho de 2011 | 09h43
No seu terceiro pronunciamento desde que as manifestações começaram, quatro meses atrás, Assad parecia tenso ao prometer levar adiante um diálogo nacional sobre reformas e aventar a possibilidade de ampliar uma anistia concedida recentemente.
Mas ele afirmou: "Nós temos de fazer distinções (entre manifestantes e outros com demandas legítimas e os sabotadores). Os sabotadores são um pequeno grupo que tentou explorar a respeitosa maioria do povo sírio para pôr em prática seus esquemas."
Nenhuma solução política é possível com pessoas portando armas, disse ele.
Enquanto as forças sírias estavam vasculhando a fronteira noroeste do país com a Turquia, bloqueando milhares de pessoas que fugiam da repressão militar, Assad pedia que os cerca de 10 mil sírios que já cruzaram a fronteira voltassem para casa.
"Há quem lhes dê a impressão de que o Estado vai se vingar deles. Afirmo que isso não é verdade. O Exército está lá para manter a segurança", disse ele em um discurso na Universidade de Damasco.
Um comitê de diálogo nacional se reunirá nos próximos dias, com mais de 100 personalidades convidadas, para discutir critérios e mecanismos para uma reforma constitucional, declarou o presidente. Assad definiu o prazo de um mês para a apresentação de recomendações.
A operação militar da Síria ao longo da fronteira com a Turquia teve início após os maiores protestos em quatro meses contra Assad, realizados na sexta-feira, que a violenta repressão militar não conseguiu conter.
Grupos de defesa dos direitos humanos disseram que as forças de segurança mataram 19 manifestantes na sexta-feira.
Além dos mais de 10 mil refugiados na Síria, outros 10 mil estão abrigados em território sírio perto da fronteira, nos olivais e ricas áreas agrícolas perto de Jisr al-Shughour, relataram autoridades turcas.
Mas o ativista sírio Ammar al-Qurabi afirmou à Reuters que o Exército está agora impedindo os sírios alojados perto da fronteira de deixarem o país e acusou as forças pró-governo de atacar quem dê ajuda aos refugiados.
A violência perto da fronteira é um desafio para a política turca de "zero problemas com os vizinhos" e a seu esforço para se mostrar como um país campeão da democracia na região.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que seu país se comprometeu a manter a fronteira aberta a refugiados e qualificou a repressão do governo sírio como "selvageria".
No entanto, não está claro se a censura da Turquia à Síria fez com que Erdogan conseguisse alguma influência sobre Assad para deter a violência.
(Reportagem adicional de Dominic Evans em Beirute)
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