Produção científica no Brasil sobe, mas não número de patentes

Segundo órgão da ONU, em 2007 o Brasil depositou apenas 384 patentes, sendo muitas de empresas estrangeiras

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Por Lisandra Paraguassu
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A produção científica brasileira subiu de 2006 para 2007 e alcança 2,02% de todos os artigos científicos publicados no mundo, mas esse conhecimento ainda não se traduz na prática. Quando se analisa o registro de patentes nos Estados Unidos, o índice brasileiro é próximo a zero. "O Brasil está muito atrás de outros Países que até produzem menos artigos científicos. Dificilmente um País que produz ciência não faz as duas coisas. Todos têm ciência e patentes, mas não é o caso do Brasil", disse Jorge Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes). De acordo com dados da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, órgão das Nações Unidas que faz o depósito de patentes - não o registro, que é uma etapa posterior - em 2007 o Brasil depositou apenas 384 patentes. Sendo que muitas delas não são de brasileiros propriamente, mas de empresas estrangeiras atuando no Brasil. "Precisamos traduzir esse conhecimento em tecnologia", afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad. Na produção científica, o País tem avançado. Apesar de manter a mesma posição de 2006, o 15º lugar, o Brasil aumentou de 1,92% sua participação na produção mundial de artigos para 2,02%. É uma boa posição, especialmente quando se considera que os 40 primeiros Países concentram 98% da produção científica do mundo. O País é o 25º quando se considera o percentual de seus artigos que são citados por outros pesquisadores. Esse é considerado o indicador de qualidade da produção. No caso brasileiro, 57,65% dos artigos produzidos entre 2003 e 2007 foram citados. A primeira colocação é da Dinamarca, com 72,79%, apesar do País estar abaixo do Brasil na quantidade de produção científica e aparecer apenas em 25º lugar. A China, que entre os Países emergentes é o que tem a maior produção - está em 2º lugar, apenas atrás dos Estados Unidos - não aparece entre os 25 com maiores citações. A área de maior produção científica brasileira é a agricultura. Nesse caso, o número de artigos que o País produz é 4% do publicado mundialmente. No entanto, esse material é pouco citado. "Nossa especialidade é agricultura tropical. A maior parte dos Países com produção de tecnologia não pratica agricultura tropical", explicou Jorge Guimarães. Já na área de medicina, a neurociência tem um índice de citação de mais de 70%. Já a área de ciências sociais representa apenas 2% da produção científica brasileira e não aparece entre as com mais citações, apesar de concentrar, ainda hoje, mais de um terço do número de alunos da pós-graduação no Brasil. Segundo Guimarães, as ciências sociais produzem poucos artigos, mas muitos livros. E livros não entram nessa conta. A Capes está preparando um ranking próprio que leve em conta a publicação de livros e também a apresentação de trabalhos em congressos, o que beneficiaria as áreas de administração, computação e engenharias.

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