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Professor é acusado de humilhar aluna em aula

Pais de estudante de 15 anos de Sorocaba dizem que garota, chamada de 'songamonga', teve de passar por tratamento psicológico e deixar escola estadual

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela e SOROCABA
Atualização:

A família de uma estudante de 15 anos denunciou um professor da Escola Estadual Genésio Machado, em Sorocaba, pela prática de violência verbal e intimidação contra a aluna. De acordo com a mãe da garota, Viviane Aparecida Barbieri Vicentini, durante uma aula, no início do ano, o professor ofendeu a menina, referindo-se a ela como "songamonga" e "morta". Como a aluna reclamou do tratamento, passou a ser perseguida pelo professor. Segundo a mãe, um dia a estudante voltou para casa chorando por ter sido mandada à diretoria, apenas porque não sentara direito na cadeira. "Ela dizia que o professor estava pegando no seu pé e implicando com qualquer coisa." Viviane e o marido, que é professor da rede estadual, procuraram a direção da escola. Segundo a dona de casa, a opção oferecida foi de transferência para outra classe, mas ela não concordou. "Não queria que minha filha fosse transferida para uma turma mais fraca." De acordo com os pais, não havia registro de advertência contra a aluna na diretoria. Mesmo assim, no boletim referente ao primeiro bimestre, a aluna teve falta nas 51 aulas da disciplina do professor e zerou todas as notas. "Interessante que em outras disciplinas ela teve presença e recebeu notas", disse a mãe. Segundo os pais, em decorrência do episódio, a garota passa por tratamento psicológico. Eles procuraram a Polícia Civil e registraram uma ocorrência para preservação de direitos. Em seguida, transferiram a adolescente para outra escola, mas decidiram processar o professor e o Estado. "A direção queria que minha filha saísse da escola, em vez de resolver o caso com o professor. Vamos entrar com o processo para que não aconteça com outras pessoas."Procurados, o professor e a diretora da escola alegaram que o caso estava sendo avaliado pela Secretaria de Estado de Educação e eles não estavam autorizados a se manifestar.A assessoria de imprensa da secretaria informou que a diretoria de ensino de Sorocaba já tem uma apuração preliminar do caso em andamento e, havendo culpados, os responsáveis serão punidos.Um professor da escola, que não quis se identificar, defendeu o colega que, segundo ele, é um professor rígido, mas incapaz de ofender um aluno. Os pais da menina disseram ter testemunhas de que o professor tratava a aluna usando termos pejorativos e implicava com ela. Violência simbólica. A socióloga Miriam Abramovay, coordenadora da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana e especialista em violência nas escolas, disse que, a confirmar a versão da mãe, ocorreu o que ela classifica de violência simbólica. "Existe uma relação de poder, na qual o professor é a figura mais forte e usa da violência verbal contra o lado mais fraco." Segundo ela, o que torna o caso incomum seria a reação da aluna ao se sentir ofendida. "Normalmente os alunos são xingados e não reagem." Para Miriam, a direção do estabelecimento deve buscar um espaço para o entendimento em casos de conflitos. "Temos visto que os problemas acontecem dos dois lados. Aqui foi o caso da aluna xingada pelo professor e que reagiu. Mas há casos de professores e diretores que sofrem ameaças verbais e físicas dentro e fora da escola."Miriam destaca que é importante que as barreiras entre a escola e os pais sejam reduzidas. "Uma conversa franca às vezes é a melhor forma de resolver o problema." Ela reconhece que às vezes o professor tem dificuldade para entender e aceitar o jovem de hoje. "Muitas vezes ele tem a autoridade contestada e não aceita. Mas não pode partir para a violência, ainda que seja apenas verbal. O professor é a parte mais forte nessa relação e a forma como ele age pode marcar a vida do aluno para sempre."PRESTE ATENÇÃO Medo da escolaUma criança que apresente desconforto físico ou tristeza antes de ir para escola pode estar sendo vítima de alguma violência. Procure conversar com seu filho e com a direção da escola. Novos comportamentosCrianças que tenham mudança brusca de comportamento - eram falantes e tornam-sequietas ou passam a ser mais agressivas, por exemplo - também podem estar sofrendo.

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