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Projeto para criar cópias eletrônicas de armas de fogo é abandonado nos EUA

Cancelamento ocorreu após recuo da fabricante de impressoras 3D, que permitiriam digitalização do objeto.

Por BBC Brasil
Atualização:

Um projeto americano de criar uma cópia eletrônica de um revólver foi abandonado após a empresa fabricante da impressora 3D - que permitiria a digitalização da arma - cancelar o aluguel da máquina. Em carta publicada no site Wiki Weapon, a Stratasys, que fabrica a impressora, informou que não permitia que seus produtos fossem usados para "fins ilícitos". A Defense Distributed, empresa pertencente ao grupo por trás do projeto, planejava compartilhar a cópia eletrônica 3D da arma na Internet. Nos Estados Unidos, não há proibição legal para a fabricação de armas de fogo caseiras sem licença. O grupo levantou US$ 20 mil (R$ 40 mil) na Internet para lançar o projeto Wiki Weapon. Inicialmente, a Defense Distributed planejava desenvolver uma cópia eletrônica 3D da arma sem partes removíveis. "O projeto poderia muito bem mudar a forma como encaramos o controle de armas e seu consumo", dizia a proposta da organização. "Como os governos se comportariam caso, um dia, todo e qualquer cidadão pudesse ter acesso à fabricação de sua própria arma caseira na Internet?", questionava o grupo na descrição do projeto. Recuo O grupo, entretanto, não esperava pela negativa da fabricante das impressoras 3D. Em carta endereçada ao fundador da Defense Distributed, Cody Wilson, a Stratasys informou que tomou a decisão "com base na falta de uma licença para o porte de armas de fogo e nas declarações públicas de Wilson em relação às intenções de usar a impressora". "A política da Stratasys não permite aos usuários utilizar seus produtos para fins ilícitos. Portanto, informamos que o aluguel da máquina Stratasys uPrint SE está cancelado". A empresa recolheu a máquina alguns dias depois do envio da carta. "As leis americanas sobre a fabricação de armas de fogo precisam urgentemente ser revisadas para acompanhar a era da impressão 3D", afirmou Marc Goodman, presidente da Future Crimes Institute, entidade americana que pesquisa os novos rumos da criminalidade. "Há uma zona cinzenta na lei dos EUA e das dos demais países. A questão é: como controlar a tecnologia usada para fins ilícitos?", questionou Goodman. "Nesse caso, o projeto era aberto e tentava provar um ponto. Fico bem mais preocupado com aqueles que, simplesmente, não divulgam suas reais intenções", alertou. Na avaliação de Goodman, a impressão 3D pode ser a principal arena no combate ao crime organizado e ao terrorismo. Segundo ele, não são só armas que poderão ser impressas eletronicamente. "Será a próxima fronteira para o roubo do IP (Propriedade Intelectual). Imagine poder fabricar um relógio Rolex, bolsas Gucci e tênis Nike apenas com base em uma maquete virtual", afirmou. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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