24 de março de 2012 | 11h07
A Associação de Futebol do Egito (EFA) proibiu o time, o al-Masry, de disputar duas temporadas como punição pela invasão de seu campo por fãs, que resultou na morte de 74 fãs no mês passado. Esse foi o incidente mais letal desde o início dos protestos que levaram à derrubada do presidente Hosni Mubarak, no ano passado.
A EFA ordenou o fechamento por três anos do estádio de Port Said, local dos tumultos que se seguiram à vitória do al-Masry sobre o Al Ahli, time do Cairo.
De acordo com testemunhas, a polícia militar disparou para o ar para dispersar centenas de fãs que protestavam diante do edifício da Autoridade do Canal de Suez, em Port Said. Os confrontos começaram na noite de sexta-feira e prosseguiram até as primeiras horas deste sábado.
"Centenas de fãs furiosos se chocaram com a polícia militar depois do anúncio da decisão", declarou uma testemunha.
"Um deles morreu atingido por um tiro nas costas e 18 ficaram feridos nos confrontos, dois deles em decorrência de balas", afirmou a fonte médica.
O porto de Port Said foi fechado na manhã deste sábado por causa dos protestos. Os navios que trafegam pelo Canal de Suez foram direcionados para uma rota secundária a leste da cidade, de acordo com fontes no porto e na Autoridade do Canal de Suez.
Testemunhas disseram à Reuters que muitas fábricas não abriram as portas, já que centenas de manifestantes bloquearam estradas de ligação com Port Said, cidade costeira do Mediterrâneo, impedindo assim a entrada de milhares de trabalhadores vindos de províncias vizinhas.
Num comunicado a EFA informou que as atividades futebolísticas do Masry seriam suspensas nas temporadas de 2011/12 e 2012/13 e o clube seria reconduzido à Primeira Liga Egípcia a partir de 2013/14.
Durante a invasão do campo, em fevereiro, as portas de aço do estádio foram trancadas, deixando presos os fãs que tentavam escapar dos tumultos. Dezenas morreram esmagados e pelo menos 1.000 pessoas ficaram feridas.
Muitos fãs culparam o governo por não ter enviado ao local policiais em número suficiente, considerando a tensão causada pelo jogo, e muitos egípcios acreditam que a violência tenha sido iniciada por criminosos.
Em 15 de março a Justiça indiciou 75 pessoas, incluindo nove autoridades do setor de segurança. Eles serão julgados pela violência no estádio. (Reportagem de Mohamed Abdellah e Yousri Mohamed)
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.