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Protesto contra morte de DG toma ruas de Copacabana

Por Daniela Amorim (Broadcast) e RIO
Atualização:

Moradores do morro Pavão-Pavãozinho tomaram as ruas de Copacabana neste domingo, 27, em protesto contra a morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, assassinado na última terça-feira, 22 na comunidade localizada na zona sul do Rio. O trânsito nas principais ruas do bairro foi interrompido pelos manifestantes. Apesar de protestos de amigos da vítima e de provocações contra policiais, o ato transcorreu em paz. Quinze carros da Polícia Militar reforçaram a segurança nas imediações da entrada da favela. Os manifestantes marcaram a concentração em frente à praia de Copacabana e caminharam por cerca de um quilômetro pela orla até entrarem pelas ruas do bairro. PMs acompanharam todo o movimento, que reuniu cerca de 150 pessoas, segundo estimativas da própria Polícia MilitarA mãe de DG, Maria de Fátima da Silva, chegou ao protesto tocando um surdo. "Agradeço a vocês pelo grito de guerra que evitou que meu filho fosse enterrado como um indigente", disse ela aos moradores do morro Pavão-Pavãozinho que organizaram o ato. Os manifestantes carregaram cartazes denunciando a violência policial e pedindo paz e justiça para DG, encontrado morto a tiro em uma creche. Organizadores pediram aos participantes que conduzissem o protesto em paz, lembrando que havia ali muitas crianças. Um pequeno grupo tentou incitar a multidão contra jornalistas, mas o tumulto logo se dissipou.A caminhada seguiu até a porta do edifício onde DG morava com a mãe, na Rua Barata Ribeiro, no mesmo bairro. Os manifestantes sentaram-se no chão, fizeram um minuto de silêncio, rezaram e cantaram."Ele (DG) gostava de funk e subia na favela para salvar crianças, e vocês tiraram a vida do meu filho. Eu sei que vocês têm filho. A vida é um espelho, tudo o que se faz reflete. Então vocês olhem bem, aqui é uma mãe que está chorando, com o coração sangrando. (DG) Era uma pessoa decente que vocês tiraram a vida", bradou a mãe do dançarino aos policiais militares que acompanhavam o ato.Segundo a ativista Deise Carvalho, uma das organizadores do protesto, a intenção era mostrar à mãe de DG que a comunidade está ao seu lado pedindo Justiça. De acordo com a militante, DG sofria ameaças desde 2011, depois que teve uma moto furtada e posteriormente reconhecida em poder de policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). "Um mês atrás ele me procurou dizendo que estava sendo ameaçado por policiais. Queria procurar o Ministério Público para fazer a denúncia, mas achei que, por ele ser conhecido, não teriam coragem de fazer isso com ele. Infelizmente, me sinto culpada, porque se eu tivesse ido ao Ministério Público, saberia o nome do policial que fez isso (o assassinato de Douglas)", declarou.Os manifestantes, a maioria com roupas brancas, também homenagearam Edilson da Silva dos Santos, conhecido como Mateusinho. Deficiente mental, ele foi morto com um tiro na cabeça durante manifestação contra a morte de DG.ProgramaO dançarino foi homenageado ontem no programa "Esquenta", comandado pela apresentadora Regina Casé, na Rede Globo, onde costumava dançar."Hoje, infelizmente, nós não conseguimos colocar no ar um programa lindo que a gente tinha preparado. Porque um dos nossos dançarinos, talvez o mais alegre, o mais querido pelas crianças, foi brutalmente assassinado com um tiro nas costas", declarou Regina.O programa que iria ao ar ontem foi regravado na véspera, reunindo a mãe de DG, além de outros parentes e amigos do rapaz. O clima de emoção contagiou convidados como Fernanda Torres, Carolina Dieckman, Preta Gil e Leandra Leal. Emocionada, Maria de Fátima usava uma camisa com a foto do filho e a inscrição "saudade eterna". #ET

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