Protesto em Niterói causa interdição da ponte

PUBLICIDADE

Por FELIPE WERNECK E FÁBIO GRELLET
Atualização:

Um protesto contra o aumento das tarifas do transporte público em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, nesta quarta-feira à noite, causou a interdição da ponte que liga a cidade ao Rio e vários confrontos entre manifestantes e policiais, que usaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o grupo. O anúncio da redução da tarifa, de R$ 2,95 para R$ 2,75, feito pela Prefeitura de Niterói enquanto o protesto acontecia, não impediu que a confusão continuasse e até aumentasse. Às 20h30 desta quarta os confrontos continuavam, mas alguns acessos à ponte estavam sendo liberados.A ponte foi interditada pela concessionária quando alguns manifestantes se dirigiam para lá. A Tropa de Choque foi acionada para impedir que os ativistas ocupassem a ponte. Sacos de lixo foram incendiados e a PM usou bombas de gás lacrimogêneo.A manifestação reuniu 7.5 mil pessoas, segundo a PM, ou 50 mil, conforme os organizadores. Às 17 horas o grupo partiu da praça Araribóia, ponto de partida e chegada das barcas que navegam até o Rio. Os manifestantes pretendiam seguir até a prefeitura, mas o quarteirão onde fica o prédio foi totalmente isolado pela PM. Por isso, o destino passou a ser a Câmara Municipal.A estudante universitária Yule Mansur, de 22 anos, criticou o bloqueio feito pela polícia e chegou a abordar um dos policiais: "Na Alemanha, policiais foram expulsos de suas casas pela crise econômica e se uniram aos protestos. É possível uma união cidadão-policial", disse ao PM.Moradores e funcionários de escritórios de prédios situados no centro apoiaram o ato, lançando papel picado e balançando bandeiras pelas janelas, enquanto os manifestantes passavam. No início do trajeto houve um princípio de confusão entre militantes do PSTU e manifestantes. Uma líder estudantil ligada ao partido foi vaiada enquanto discursava, e sua fala foi ofuscada pelos gritos de "sem partido" da multidão. Quando um manifestante tentou abaixar uma faixa do PSTU, um militante reagiu: "Quem reprime é a polícia".Além dos gritos de "sem partido", o outro mais ouvido durante a passeata foi "sem violência". Os políticos mais criticados durante a caminhada foram o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PT). Quando um militante anunciou, de cima de um carro de som, que o aumento da tarifa havia sido revogado, a multidão reagiu aos gritos: "Não acabou, nossa luta é todo dia / saúde, educação e moradia".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.