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Protesto fecha estação de Metrô na zona sul do Rio

Eles bloquearam acesso à estação após duas pessoas serem baleadas no Cantagalo

Por Fabio Grellet e Thaise Constancio
Atualização:

RIO - Após duas pessoas serem baleadas na Favela do Cantagalo, em Ipanema, na zona sul do Rio, na manhã desta quarta-feira, 2, moradores fizeram um protesto que interditou uma rua do bairro e causou o fechamento, por cerca de meia hora, da estação de metrô General Osório e de um posto do Rio Poupa Tempo.

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Segundo o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, dois homens tentaram matar um traficante que atua na favela e também atingiram, sem querer, um rapaz que não era alvo deles.

O traficante baleado é Valdir Gabriel Félix de Araújo, de 31 anos, conhecido como Matraca. Ele tem seis passagens pela polícia e sete mandados de prisão por tráfico de drogas, e controla pontos de venda de entorpecentes no Cantagalo. A outra vítima, ferida de raspão, não tem antecedentes criminais.

Os tiros, disparados às 7h30, não foram ouvidos, provavelmente porque a arma usada tinha silenciador, mas moradores testemunharam a tentativa de homicídio e chamaram a polícia. Agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Pavão-Pavãozinho/Cantagalo foram até o local e houve troca de tiros na favela, mas os autores dos disparos conseguiram fugir.

As duas vítimas foram levadas ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, zona sul. O homem atingido por bala perdida já teve alta. Preso e internado sob custódia, Matraca estava em estado grave até a noite desta quarta-feira.

O crime aconteceu no local conhecido como beco do Mituca, mas moradores interditaram a Rua Teixeira de Melo em protesto contra a ação da polícia. Durante a manifestação, lixeiras, cones e uma cabine da polícia foram incendiados. Um homem acusado de incitar os moradores foi preso.

Para o secretário de Segurança, criminosos estão incentivando moradores de comunidades a protestar contra a polícia. "O tráfico ordena (protestos). Pessoas ligadas ao traficante (Matraca) foram as que desceram hoje (quarta-feira) para fazer a manifestação. Isso também já aconteceu em Manguinhos e no Alemão. Como essas pessoas foram subjugadas pelos traficantes durante décadas, elas têm medo", disse Beltrame. No começo do ano, moradores da região já haviam feito protestos após a morte de um acusado de tráfico durante incursão de policiais da UPP.

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A polícia prendeu nesta quarta-feira também Luiz Carlos Jesus da Silva, o Djalma, acusado de chefiar o tráfico na parte alta da Rocinha, outra favela da zona sul. Ele estava na Barra da Tijuca aguardando um comparsa.

Maré. Sobre a ação da polícia no conjunto de favelas da Maré, na zona norte, que será ocupado pelo Exército no próximo sábado, 11, o secretário disse que, por enquanto, o trabalho principal é vasculhar as favelas. "Quando vocês assistem a uma ocupação, vocês veem 1,5 mil policiais. O que a polícia está fazendo lá, com cerca de 300 homens, é busca. Então, você não vai ver policiais parados fazendo policiamento ostensivo. Vocês podem não ter visto um número grande de policiais, mas também não viram armas ostensivas, e garanto que as pessoas entram e saem de lá como não faziam dias atrás", disse.

Patrimônio. Uma resolução conjunta de Beltrame e do secretário da Defesa Civil, Sérgio Simões, determinou que as Corregedorias das Polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros criem uma rotina para fiscalizar a evolução patrimonial dos integrantes de suas corporações. O texto, publicado no Diário Oficial desta quarta-feira, regulamenta um decreto assinado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) em fevereiro de 2012.

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