PSB oficializa candidatura e Campos promete tirar economia do 'atoleiro'

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Por MARIA CAROLINA MARCELLO E NESTOR RABELLO
Atualização:

O PSB lançou formalmente a candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República, com Marina Silva compondo a chapa, apostando na crítica à velha política e na imagem de via “alternativa” para captar o desejo de mudança mostrado por pesquisas. Ao som de um jingle que pede “coragem para mudar o Brasil”, a chapa aposta no desgaste da polarização PT X PSDB para apresentar o discurso da renovação. “Os que se revezam no poder no Brasil ao longo desses 20 anos pensam e tentam convencer o povo que agora vão fazer diferente. Mas todos nós sabemos que eles já perderam a energia renovadora pois se entregaram aos encantos, se deixaram dominar pelo cerco das velhas elites, das práticas mofadas, antigas, ultrapassadas, que já não servem”, disse Campos, correspondido pela militância. “Um, dois, três, quatro, cinco mil, Eduardo e Marina para a mudança do Brasil”, gritavam partidários na convenção, que contou inclusive a presença de representantes do Partido Comunista Chinês e do Partido Socialista da Argentina, segundo organizadores. Tanto Campos quanto Marina foram ministros de gestões do PT na Presidência. Isso não impediu, no entanto, que fizessem críticas ao atual governo. O cabeça da chapa centrou o fogo no desempenho da economia, prometendo unir o país para recuperar o crescimento. “Só um Brasil unido poderá enfrentar o atoleiro que se meteu a nossa economia que infelizmente consegue combinar baixo crescimento, inflação cronicamente alta, juros no espaço. Não dá mais para continuar na indústria em queda, nas contas públicas fragilizadas, no país em uma situação que nós não merecemos depois de tanto esforço”, afirmou. O candidato também dirigiu duras críticas a práticas como a corrupção, patrimonialismo e o fisiologismo, prometendo uma reforma tributária logo no primeiro ano de um eventual governo e um novo pacto federativo para consertar a “quebradeira” nas contas dos municípios que, segundo ele, foi provocada pela presidente Dilma Rousseff. A reforma tributária era uma bandeira de Dilma durante sua campanha em 2010, mas terminou por ser executada em pequenas porções, focadas principalmente em programas desonerações tributárias para incentivar setores da economia. Marina, por sua vez, defendeu um modelo de desenvolvimento sustentável e uma renovação no sistema político, embora tenha reconhecido que sua chapa deve ter “a ousadia de enfrentar os novos desafios sem deixar de considerar os ganhos que a duras penas conquistamos para a estabilidade econômica que reduziu a inflação, estabilizou a nossa moeda e deu para o país um senso de responsabilidade fiscal”. Apesar da intenção de captar a sensação popular por mudanças, a chapa ainda ocupa o terceiro lugar nas pesquisas eleitorais e não irá dispor de muito tempo de TV. Enquanto a presidente Dilma, primeira colocada nas pesquisas, terá mais de dez minutos de programa eleitoral em cadeias de rádio e TV, a candidatura do PSB terá pouco menos de dois minutos para tornar Campos conhecido em nível nacional. Ainda assim, apostam na campanha do “boca a boca”, nas altas taxas de aprovação de Campos como governador de Pernambuco e na bagagem de Marina Silva, que nas últimas eleições presidenciais recebeu quase 20 milhões de votos. Não está clara, no entanto, a capacidade de Marina de atrair votos a Campos. Numa outra frente, a campanha deve explorar, a exemplo de vídeo exibido na convenção deste sábado, as biografias de Campos, herdeiro político de Miguel Arraes, e de Marina, ambientalista ligada a Chico Mendes. Durante a convenção deste sábado não apenas o PSB oficializou sua candidatura, como também formalizou a coligação em torno de sua chapa, com PPS, PPL, PRP e PHS. A chapa formalizada neste sábado foi desenhada em outubro do ano passado quando o PSB de Campos acolheu Marina e aliados que tiveram frustrada sua tentativa de criar um partido político, o Rede Sustentabilidade. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) constatou que não havia o mínimo necessário de assinaturas para a criação do partido. Apesar de filiados ao PSB, Marina e seus aliados mantêm a estrutura do Rede e vêm reforçando sua independência institucional e sua autonomia política. A parceria comemorada entre os dois partidos, que no âmbito nacional vem criticando velhas práticas da política, sofreu algumas rusgas no campo regional. Em pelo menos dois importantes colégios eleitorais, o compromisso ideológico e programático pode ter sido deixado de lado para viabilizar alianças do PSB com o PSDB, em São Paulo, e com o PT, no Rio de Janeiro, justamente partidos a que a dupla se contrapõe no âmbito nacional. O assunto foi indiretamente abordado por Campos, em seu discurso. “Apoiamos nos Estados partidos diferentes sem nada pedir em troca”, disse o socialista. Antes, Marina também havia feito menção ao assunto, tentando minimizar notícias sobre divergências entre ela e integrantes do Rede e lideranças do PSB.

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