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PT prefere quebrar sigilos de Perillo a convocá-lo

Por JEFERSON RIBEIRO
Atualização:

A estratégia do PT para a sessão da CPI do Cachoeira desta terça-feira vai privilegiar a aprovação de requerimentos que peçam a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), deixando para um segundo momento a convocação do tucano. Para que a estratégia seja colocada em prática, os petistas terão uma nova reunião nesta terça, pouco antes da sessão da comissão, e buscam ainda uma aproximação de posições com o PMDB. Os dois partidos tentam evitar, por ora com estratégias individuais, a convocação do petista Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal, e do peemedebista Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro. Queiroz tem situação mais delicada porque é citado nas investigações policiais Vegas e Monte Carlo, que deram origem à CPI, que investiga a relação de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados. A aliança com o PMDB neste momento é fundamental porque garantiria apoio para quebrar os sigilos do governador tucano e evitaria a convocação de Queiroz e Cabral. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse à Reuters que Perillo só deve ser convocado na CPI depois dos sigilos serem quebrados. "Ele já tem aquela história mal contada da venda da casa", argumentou o petista. O relator da CPI mista, deputado Odair Cunha (PT-MG), também é contra ouvir imediatamente Perillo ou outros governadores. Segundo ele, se fossem à comissão agora os governantes usariam o depoimento para dar sua versão dos fatos e não poderiam ser contestados pelos parlamentares. Contudo, colocar essa estratégia em prática não será fácil porque desde o começo dos trabalhos da comissão há muita pressão para que a CPI convoque os governadores, e o PSDB já disse estar disposto a convocar Perillo. O PT também quer o apoio do PMDB para evitar a aprovação nesta terça de um requerimento que peça a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da empreiteira Delta em nível nacional. Até agora, apenas os sigilos da unidade Centro-Oeste da empresa foram quebrados. Nesse caso, segundo relato de um petista que pediu para não ter seu nome revelado, o partido prefere esperar o compartilhamento de informações da operação Saint-Michel da Polícia Civil do Distrito Federal. O relator e os petistas têm informações de que essa investigação, já nas mãos do Ministério Público do DF, teria conseguido quebrar esse sigilo e esse material deve ser compartilhado com a comissão. Essa posição petista também sofrerá resistências dos demais membros da comissão, já que há semanas há cobrança da maioria dos membros da CPI para que as investigações avancem sobre a atuação nacional da Delta. A reunião da comissão nesta terça deve ser muito tensa. Além de debater temas como a convocação dos governadores, que atiçam a disputa partidária, há a denúncia da revista Veja de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria se reunido com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e oferecido blindagem na CPI em troca do adiamento do julgamento do mensalão. A reunião entre Lula e o ministro, ainda segundo a revista, teria ocorrido em 26 de abril, um dia depois da instalação da CPI mista que investiga as ligações de Carlos Cachoeira com políticos e empresários. Apesar de a oposição alegar que não vai apresentar requerimento para convocar Lula à CPI, pois seria rejeitado por falta de votos, petistas acreditam que o episódio pode ser usado para tentar desviar o foco das investigações. A assessoria do ex-presidente confirmou o encontro com Mendes, mas negou o conteúdo da conversa revelado pela revista. A CPI também deve apontar nesta terça quem será o vice-presidente da comissão. A escolha cabe ao presidente, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Ele gostaria que o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) assumisse o cargo, mas o PT prefere que o peemedebista escolha um senador do partido ou ainda outro parlamentar da base. Vital do Rêgo disse que só anunciará a decisão durante a sessão desta terça.

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