Três venezuelanos e um uruguaio com supostas ligações com o chamado "caso da mala", como ficou conhecido na Argentina, tiveram sua prisão anunciada na quarta-feira pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, acusados de "conspirar como agentes ilegais" da Venezuela nos Estados Unidos. A acusação formalizada na Justiça americana diz que "nem a verdadeira fonte nem o possível receptor do dinheiro foram revelados". Porém, segundo agências de notícias internacionais e jornais argentinos e americanos, o promotor federal Thomas Mulvihill teria dito ao juiz Robert Dube, durante uma audiência em Miami na quarta-feira, que "o dinheiro tinha como destino a campanha de Cristina Kirchner". "Os acusados foram orientados a manter silêncio sobre o papel da Venezuela no assunto", teria dito Mulvihill, segundo reportagem do diário americano The Miami Herald. O governo argentino não comentou o assunto na quarta-feira. Já o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que o caso é "parte da guerra política dos Estados Unidos contra o governo da Venezuela". Os venezuelanos Carlos Kauffman, Moisés Maionica e Franklin Durán e o uruguaio Rodolfo Wanseele, presos em Miami, seriam acusados de pressionar o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson - todos radicados no sul da Flórida - a transportar o dinheiro à Argentina, ameaçando seus filhos, segundo o Miami Herald. Conversações entre Wilson e os acusados, comprovando as acusações, teriam sido gravadas por agentes do FBI, a polícia federal americana, com a anuência do próprio Wilson. A alfândega argentina flagrou a mala com dinheiro quando Wilson e autoridades do governo argentino chegavam em um jato particular à Argentina no dia 8 de agosto deste ano, dois dias antes do desembarque do presidente Hugo Chávez no país. Na ocasião, o governo do presidente Néstor Kirchner pediu que o caso fosse investigado e que Wilson fosse extraditado à Argentina para dar explicações sobre o caso, que gerou demissões nos dois governos. O episódio ficou conhecido, durante a campanha eleitoral, como "o caso da mala" e provocou a demissão do presidente da petroleira estatal venezuelana PDVSA na Argentina e vice-presidente geral da empresa, Diego Uzcategui Matheus. O filho dele, Daniel Uzcategui Spetch, de 18 anos, foi acusado de ter convidado Guido Antonini Wilson a embarcar no jatinho alugado pela estatal argentina Enarsa, na viagem realizada entre Venezuela e Argentina, dois dias antes da chegada do presidente venezuelano a Buenos Aires. Quando surgiu o escândalo, o presidente Chávez disse que era "caso de polícia" e destacou tratar-se de mais uma ação "conspirativa" do "império americano".O escândalo provocou também a demissão de Cláudio Uberti, um dos homens fortes da equipe do ministro do Planejamento argentino, Julio de Vido. Uberti estava a bordo do jato particular em que o empresário venezuelano embarcou. De Vido foi ministro de Néstor Kirchner e continua no governo da presidente Cristina Kirchner. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.