PUBLICIDADE

Quatro são presos por suposto tráfico de armas no Rio

Por Bruno Boghossian
Atualização:

Uma investigação de cinco meses levou a Polícia Civil do Rio de Janeiro a prender quatro homens envolvidos em um esquema de tráfico de armas do Paraguai para a Favela da Rocinha, na zona sul da capital fluminense. Em ligações telefônicas, os criminosos foram flagrados negociando a reposição de granadas e fuzis apreendidos no dia 21 de agosto, quando bandidos da comunidade trocaram tiros com policiais e invadiram um hotel de luxo no bairro de São Conrado.De acordo com a responsável pela Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), Márcia Beck, anotações encontradas com os fornecedores indicam que eles vendiam 10 fuzis, 14 mil projéteis e mais de 2 toneladas de maconha a cada 20 dias para os traficantes do Rio.Entre os presos, estão dois homens apontados como comerciantes de armas pela fronteira entre o Paraguai e o Brasil. Luiz Cláudio Carvalho (o Coroa) e Antônio Ezequias Gura (o Gordo) foram capturados por policiais fluminenses nas cidades de Foz do Iguaçu e São Miguel do Iguaçu, no Paraná. A investigação começou há cinco meses e tem o objetivo de bloquear novas rotas de transporte de pistolas, fuzis, granadas e munição encomendadas por Antônio Bonfim Lopes, conhecido como Nem. A Rocinha serve como um ponto de distribuição para as demais favelas ocupadas pela quadrilha chefiada por ele."Essa operação tem um reflexo imediato no abastecimento de armas na Rocinha e consolidam uma nova estratégia para impedir a entrada desse material à favela", explicou o chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski. "Evitamos a chegada de centenas de pistolas, fuzis e granadas sem dar um tiro sequer". A operação é vista como uma ação para enfraquecer o poder de fogo dos traficantes e facilitar a entrada da polícia em favelas dominadas por criminosos - como acontece nas ações de pacificação e ocupação permanente.GravaçõesAlém dos fornecedores de armas, também foram presos dois intermediários de traficantes de Rocinha. Carlos Vinicius Braga dos Santos (o Cafu) estava em Foz do Iguaçu para negociar a compra de oito fuzis. O traficante de classe média Ricardo Pereira Terra de Andrade (o Robocop), preso fora da favela, foi apontado como o homem que teria apresentado os vendedores de armas a Nem.Nas gravações obtidas com autorização da Justiça, Gordo negocia a venda de fuzis M16 para traficantes da Rocinha e chega a oferecer uma metralhadora antiaérea a um dos intermediários da quadrilha de Nem.Durante as investigações, a polícia descobriu a participação de Rúbia Maria Soares (conhecida como Coração) no esquema. Ela negocia com Coroa a compra de "8 peças grandes" (fuzis) e "14 mil pecinhas" (projéteis). Em uma mensagem de texto para celular, os dois discutem preços de "abacaxis" (granadas). A operação da Polícia Civil não apreendeu armas e dinheiro, porque, segundo a delegada Márcia Beck, os líderes das quadrilhas de fornecedores não guardam o material comercializado e costumam transportá-los desmontados, escondidos em carros de passeio discretos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.