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Quebra de safra de cana no Brasil afeta resultado da Bunge

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Por Redação
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A multinacional do agronegócio Bunge registrou um lucro menor no terceiro trimestre após uma seca que reduziu os volumes de moagem de cana no Brasil, afetando a divisão de açúcar e bioenergia. O lucro caiu para 140 milhões de dólares, ou 89 centavos de dólar por ação, ante 212 milhões de dólares, ou 1,36 dólar por ação, no mesmo período do ano passado. A empresa também foi afetada por perdas em operações de hedge devido à queda do real frente ao dólar no período. "O terceiro trimestre foi particularmente volátil, num período em que o gerenciamento de risco dos segmentos de agribusiness e de açúcar e bioenergia mostrou-se ser desafiador", declarou Alberto Weisser, presidente-executivo da Bunge, em um comunicado. A Bunge conta com oito unidades processadoras de cana no Brasil, e é uma das maiores produtoras de açúcar e etanol do país. "Um volume de cana processado menor que o esperado devido ao impacto da seca nos canaviais também pesou nos resultados no trimestre", acrescentou ele. A empresa com sede em White Plains, Nova York, é a maior processadora de oleaginosas do mundo. A divisão de açúcar e bioenergia registrou perda de 43 milhões de dólares no trimestre encerrado em 30 de setembro, contra ganhos de 34 milhões de dólares no mesmo período do ano passado. No acumulado de nove meses do ano, o prejuízo do setor é de 23 milhões de dólares. A Bunge espera processar de 14 a 14,5 milhões de toneladas de cana neste ano, cerca de 1 milhão abaixo da estimativa anterior após a seca afetar os canaviais do centro-sul. Os volumes devem se recuperar para 17-19 milhões na próxima temporada. Já o segmento de agribusiness registrou ganho de 159 milhões de dólares, ou cerca de metade do obtido no mesmo período do ano passado. A perda devido à variação cambial ficou em 29 milhões de dólares. A receita subiu para 15,62 bilhões de dólares, ante 11,66 bilhões há um ano. 2012 MAIS FORTE Por outro lado, Weisser disse que a companhia acredita em um quarto trimestre mais forte e vê sinais de otimismo para a Bunge em 2012. "Enquanto há incertezas no ambiente macroeconômico, existem razões para acreditar na resiliência do nosso negócio", afirmou ele, lembrando que a maioria dos produtos da companhia são básicos e necessários para alimentar uma população global crescente. Ele disse que os estoques globais de commodities permanecem relativamente apertados. "Mesmo com um cenário de crescimento econômico mais lento, o mundo precisa de ofertas adicionais de safras, então os preços devem permanecer interessantes para os produtores... o que deve encorajar uma crescente demanda para plantio e para uso de fertilizantes." O segmento de fertilizantes da Bunge registrou ganhos de 23 milhões de dólares, contra 14 milhões no mesmo período do ano passado. Ele lembrou que a demanda por açúcar e etanol do Brasil continua forte devido a incertezas sobre o desenvolvimento da safra de cana do centro-sul. "Estamos no caminho de ter 50 mil hectares de novas áreas de cana-de-açúcar na próxima colheita, que irá fornecer matéria-prima para as nossas usinas e permitir que possamos demonstrar todo o potencial do nosso negócio", afirmou. Recentemente, a empresa anunciou investimentos de 2,5 bilhões de dólares no Brasil, entre 2012 e 2016, no setor de cana de açúcar para expandir a produção de açúcar, etanol e geração de energia. (Reportagem de Karl Plume, em Chicago, e Roberto Samora, em São Paulo)

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