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Rebeldes sírios e curdos combatem Estado Islâmico em cidade síria sitiada

Os combatentes curdos iraquianos conhecidos como peshmerga e rebeldes sírios moderados bombardearam posições do Estado Islâmico em Kobani nesta segunda-feira, mas não ficou claro se sua chegada irá virar o jogo definitivamente a favor da cidade síria fronteiriça sob estado de sítio. Kobani se tornou um teste simbólico da capacidade da coalizão encabeçada pelos Estados Unidos de deter o avanço do Estado Islâmico, que enviou armas e combatentes na tentativa de dominar a localidade em um ataque que já dura mais de um mês. A batalha também desviou a atenção das vitórias significativas dos radicais sunitas em outras partes da Síria, como o centro do país, onde tomaram dois campos de gás das forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, em uma semana. A chegada dos peshmerga e de combatentes adicionais do Exército Livre da Síria (FSA, na sigla em inglês) a Kobani nos últimos dias marca uma escalada nos esforços para defender a cidade depois que semanas da ataques aéreos liderados pelos EUA diminuíram sem reverter o avanço dos extremistas. Uma fumaça branca subia ao céu enquanto combatentes dos peshmerga e do FSA pareciam juntar forças no lançamento de uma enxurrada de tiros de canhão e morteiro sobre posições do Estado Islâmico a oeste de Kobani, disse uma testemunha da Reuters. Cerca de 150 peshmerga entraram em Kobani com armas e munições vindos da Turquia no final da sexta-feira, a primeira vez que Ancara permitiu o envio de reforços à cidade síria vizinha. “Os armamentos pesados (deles) têm sido um reforço essencial para nós. No momento estão lutando principalmente no fronte oeste, o FSA está lá também”, relatou Meryem Kobane, comandante do YPG, principal facção armada curda da Síria defendendo a cidade. Ela afirmou que combates intensos também estão em andamento em regiões do leste e do sul da localidade. Os peshmerga --formalmente parte do Exército do Iraque-- se mobilizaram atrás das forças sírias curdas e as ajudam com artilharia e fogo de morteiro, de acordo com Ersin Caksu, jornalista que se encontra em Kobani. A luta mais renhida ocorre no sul e no leste, áreas onde os reforços recém-enviados não chegaram, disse ele. Apesar das semanas de bombardeios norte-americanos, o Estado Islâmico continuou a infligir baixas pesadas nos defensores de Kobani. No final da semana passada, fontes hospitalares na Turquia relataram um salto no número de combatentes curdos chegando pela fronteira para ser tratados, muitos já mortos.

Por OMER BERBEROGLU
Atualização:

“GUERRA PSICOLÓGICA”

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A batalha por Kobani, visível a olho nu da divisa turca, aumentou a pressão sobre Ancara, que tem relutado em intervir, acusando os defensores da cidade de terem laços com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta há décadas com o governo turco em busca de autonomia.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, repudiou nesta segunda-feira o que chamou de “guerra psicológica” sendo conduzida pela mídia internacional contra Ancara, e repeliu as críticas à sua política para a Síria.

“A Turquia não é um país que irá se curvar, seja a redes de traidores nacionais ou a manipulações da percepção no exterior”, teria dito ele segundo o jornal Hurryiet Daily News durante um discurso em uma universidade de Istambul.

(Reportagem adicional de Humeyra Pamuk em Istambul, Jonny Hogg em Ancara e Alexander Dziadosz em Beirute)

((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES

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