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Recessão na Espanha e Portugal domina Cúpula Ibero-americana

Por ANGUS MACSWAN
Atualização:

Espanha e Portugal procuraram ajuda na sexta-feira de suas ex-colônias latino-americanas, na busca por uma onda de comércio e investimento com o outro lado do Oceano Atlântico para resgatá-los da crise econômica. Sofrendo com uma profunda recessão e com protestos de seus cidadãos contra a perda de empregos e os cortes de gastos públicos, os dois países europeus esperam que a Cúpula Ibero-americana possa abrir oportunidades comerciais que são muito necessárias. Números divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta sexta-feira destacaram as situações contrastantes dos continentes ao prever crescimento na América Latina de 3,2 por cento em 2012 e de 4 por cento em 2013. "A América Latina oferece uma grande oportunidade para a Espanha. Temos a língua, temos a cultura, temos muitos anos de investimento lá ", afirmou o chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, em um fórum de negócios no primeiro dia da cúpula. "Muitas realizações, e muitos erros. Espanha e Portugal são os amigos mais próximos da América Latina", disse o chanceler. Embora o anfitrião oficial seja o Rei da Espanha, Juan Carlos, a figura mais importante é a presidente brasileira Dilma Rousseff. A Espanha deixou claro que considera o Brasil vital para a sua salvação. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, escreveu esta semana na revista brasileira Época Negócios que ele queria "mais do Brasil na Espanha e mais da Espanha no Brasil". A Espanha já é o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil e Rajoy quer que empresas espanholas obtenham uma fatia de projetos de infraestrutura, como portos, rodovias e aeroportos, inclusive para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 no Brasil. Dilma Rousseff vai permanecer na Espanha para negociações bilaterais. Grandes empresas espanholas como a Telefónica e o gigante bancário Santander agora dependem de suas operações na América Latina, e no Brasil em particular, para uma grande parte de seus lucros, à medida que os mercados locais declinam. Na sexta-feira, a companhia espanhola de tecnologia Indra disse que um quarto de sua receita este ano virá da América Latina, onde as suas vendas aumentaram 12 vezes nos últimos 6 anos. O Brasil é o seu segundo maior mercado depois da Espanha. O secretário-Geral da OCDE, o mexicano Angel Gurría, disse que a América Latina ainda precisa de experiência profissional, infraestrutura, educação e tecnologia. "Se não mudarmos essa tendência, vamos todos trabalhar para os coreanos", disse ele. Portugal também está interessado em atrair investimentos brasileiros para as privatizações que foi obrigado a realizar nos termos do seu resgate da zona do euro. (Reportagem adicional de Tomas Gonzalez, em Cádiz, e Axel Bugge em Lisboa)

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