Recordes imobiliários

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Por Redação
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Entre janeiro e novembro, os empréstimos para a compra da casa própria com recursos das cadernetas de poupança atingiram R$ 30,187 bilhões, superando os R$ 30,032 bilhões de todo o ano de 2008. São dois anos consecutivos de recordes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) - apenas em novembro, os financiamentos chegaram a R$ 3,635 bilhões, 58% mais do que no mesmo mês de 2008. As projeções para 2010 são ainda mais favoráveis.Houve, em 2009, uma discrepância entre o ritmo dos financiamentos e da produção de imóveis: as vendas de materiais de construção caíram 14,81% na comparação entre os primeiros 10 meses de 2008 e 2009, segundo a associação do setor (Abramat) - e só no último bimestre houve tendência de melhora, com a prorrogação do incentivo fiscal do IPI.Segundo o sindicato da construção (Secovi), entre janeiro e outubro foram lançados em São Paulo 19.986 imóveis residenciais, 31,8% menos do que os 29.294 dos dez primeiros meses de 2008. Mas houve uma forte recuperação em novembro e dezembro.Para o mercado imobiliário, 2009 foi um ano de desova de unidades prontas ou em estoque, lançadas durante o período de euforia, que durou de 2006 até o início de 2008. A combinação de juros menores, recuperação do emprego e do nível de atividade econômica e de medidas pontuais, como o aumento do valor máximo dos empréstimos com recursos do FGTS e das cadernetas, de R$ 350 mil para R$ 500 mil, estimulou a procura de imóveis. Mas, uma vez reduzidos os estoques, predominou a tendência de aumento de preços de venda e até do valor das locações, em especial, em metrópoles como São Paulo e Rio, onde as unidades oferecidas são rapidamente ocupadas.Em 2010, o conjunto de atividades relacionadas à construção civil deverá crescer 8,8%, contra apenas 1%, neste ano, estima a consultora da FGV-Projetos Ana Maria Castelo. A projeção engloba o mercado imobiliário, as obras públicas, ampliação de unidades comerciais e industriais, a autoconstrução e as reformas de residências. O Secovi prevê um aumento de 10% a 15% do número de lançamentos em 2010. São evidentes os sinais de aumento do interesse em investimentos imobiliários, inclusive pelos fundos de pensão - o Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, por exemplo, pretende aplicar R$ 3 bilhões no setor. Os investidores institucionais vinham diminuindo sua carteira de imóveis, desde o início da década passada.Em 2009, ao contrário do que se temia no auge da crise, cresceram tanto a demanda dos mutuários por financiamentos como a oferta de recursos. A Caixa Econômica Federal (CEF), que administra o FGTS, abriu créditos da ordem de R$ 40 bilhões, dos quais R$ 11,2 bilhões referentes ao programa de casas populares. É da capacidade da CEF de atender centenas de milhares de compradores de novas unidades, em 2010, que dependerá o êxito do programa Minha Casa, Minha Vida.No SBPE, com predomínio dos financiamentos para as classes média e média alta, os especialistas projetam um aumento de R$ 33 bilhões, em 2009, para R$ 50 bilhões, em 2010, duas vezes e meia maior do que do crédito em geral, conforme as projeções do Banco Central. O número de unidades financiadas deverá passar de 300 mil para 500 mil.Enquanto predominaram, em 2009, as operações com pessoas físicas, responsáveis por quase 60% dos empréstimos, em 2010 deverão crescer as operações do plano empresário, com construtores e incorporadores. Para isso concorrerá a consolidação das fusões de empresas muito atingidas pela crise, com outras maiores e mais sólidas.A melhora do mercado de financiamento imobiliário nesta década decorreu dos avanços do marco regulatório do setor, iniciados em 1997, com a Lei 9.514, que criou o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), a alienação fiduciária de bem imóvel e a securitização. Estão em curso novos aperfeiçoamentos. Em dezembro, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 5.591/2009, que estabelece o princípio da concentração na matrícula do registro de imóveis dos ônus incidentes sobre a propriedade, contribuindo para maior segurança e menor custo das transações.

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