
13 Junho 2011 | 11h00
A votação sobre quatro questões relacionadas à energia nuclear, privatização do serviço de abastecimento de água e imunidade de ministros a julgamentos terminou às 15 horas (10h em Brasília), mas o elevado comparecimento no domingo, primeiro dia de votação, indica uma nova derrota para o cambaleante governo de centro-direita.
O próprio Berlusconi parecia ter admitido a derrota pelo menos na questão da energia nuclear, ao dizer em uma entrevista à imprensa que o voto provavelmente iria pôr fim às perspectivas da energia nuclear na Itália.
"Depois da decisão que o povo italiano está tomando neste momento, nós devemos provavelmente dizer adeus à possibilidade de usinas nucleares e devemos nos comprometer fortemente com a energia renovável", afirmou.
Berlusconi se opunha à proposta de vetar leis aprovadas pelo governo na área nuclear. Na semana passada ele disse que não iria votar e esperava que a maioria das pessoas não fosse - o que evitaria se alcançar o quórum de 50 por cento mais um no referendo, necessário para a aprovação.
A votação não poderia ter ocorrido em um momento pior para o primeiro-ministro de 74 anos, que enfrenta um escândalo sexual e três julgamentos por fraude. Ele também foi enfraquecido pelas perdas esmagadoras nas eleições locais no mês passado, incluindo em sua poderosa base no norte, a região de Milão.
A oposição de centro-esquerda fez ampla campanha para levar os eleitores às urnas. No domingo à noite, quando o comparecimento já era de 41 por cento, a oposição acreditava que o quórum iria ser alcançado.
"Muitos verão isto como uma grande vitória para a oposição, um novo atropelo ao governo", observou o diário La Stampa, de Torino, em editorial. "Mas a verdadeira vitória é diferente, e é grande - um renovado desejo dos cidadãos de participar."
O último referendo que alcançou o quórum mínimo foi em 1995. Depois disso, seis foram declarados nulos.
Se os eleitores se opõem às leis, o resultado provavelmente vai afetar a fragmentada coalizão de centro-direita de Berlusconi, que tem tido dificuldades para se reagrupar após a derrota nas eleições locais.
O ministro Roberto Maroni, um membro destacado da coalizão e integrante da Liga do Norte, que está cada vez mais impaciente com Berlusconi, disse que o governo está ficando sem força e precisa relançar um ambicioso programa de reformas muito em breve.
"Acho que Berlusconi ainda é capaz de obter um grau de consenso muito maior do que tem até agora, mas este é o último teste", afirmou Maroni ao diário Corriere della Sera.
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