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Referendos nos EUA vetam casamento gay e limitação ao aborto

Por PETER HENDERSON
Atualização:

Dois Estados norte-americanos rejeitaram na terça-feira propostas para limitar o direito ao aborto, enquanto outros votaram pela proibição do casamento homossexual, numa mensagem dúbia sobre temas sociais polêmicos no dia em que os EUA elegeram seu primeiro presidente negro. Os resultados sobre mais de 150 referendos em nível estadual mostraram um mapa cultural mais complexo do que a histórica eleição de Barack Obama poderia sugerir. Na Califórnia, os casais do mesmo sexo devem perder o direito ao casamento, enquanto na Flórida e no Arizona o eleitorado simplesmente proibiu a instituição dessa prática - algo que já ocorre em dezenas de outros Estados que definem o casamento como a união entre um homem e uma mulher. Na Dakota do Sul e no Colorado, o eleitorado rejeitou por ampla margem propostas para restringir o direito ao aborto. A oposição ao aborto e ao casamento gay são duas questões essenciais para muitos cristãos conservadores, que habitualmente votam no Partido Republicano. Com 93,6 por cento das urnas apuradas, a proposta da Califórnia contra o casamento gay - cerca de seis meses após um tribunal do Estado autorizar a prática - estava à frente por 4,2 pontos percentuais. "Temos Obama", consolava-se Noelle Skool, 29 anos, funcionária de um popular bar para lésbicas no bairro de Mission, em San Francisco. "São pequenos passos. Afinal, vão aceitar o fato de que somos todos iguais." Mathew Staver, fundador do grupo conservador Liberty Counsel, teve sucesso como autor da proposta contra o casamento gay, mas viu o Estado dar seus 55 votos do Colégio Eleitoral para Obama. "A aprovação desta emenda é uma estrela brilhante numa noite escura, na qual a América elegeu o presidente mais liberal da sua história", disse Staver em nota. O Colorado rejeitou uma medida que tornaria o aborto juridicamente equivalente ao homicídio, por definir que a vida humana começa na concepção. Dakota do Sul derrotou uma medida que proibia o aborto e possivelmente desencadearia uma batalha judicial a ser resolvida na Suprema Corte. "Nós a derrotamos aqui, e ela não se espalhará para outros estados", disse Sarah Stoesz, presidente da seção local da entidade Planned Parenthood (paternidade planejada). "E agora começamos um contramovimento numa parte muito conservadora do país." Em outras votações, Michigan autorizou o uso médico da maconha, Nebraska acabou com a ação afirmativa em prol de minorias e Washington autorizou o suicídio assistido por médicos em casos de doenças terminais.

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